quinta-feira, 2 de outubro de 2008
ACERCA DOS DONS ESPIRITUAIS (1Coríntios 12, 13)
ACERCA DOS DONS ESPÍRITUAIS
Comentário 1Coríntios 12, 13
“1 A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. 2 Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados. 3 Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, se não pelo Espírito Santo” (1Co.12: 1-3).
1. “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (v.1).
Aos coríntios, não faltavam nenhum dom (1Co.1:7). Porém, eles eram ignorantes quanto a sua verdadeira utilização. Os dons devem ser usados de forma proveitosa, para edificação da igreja, e não em benefício próprio, egoístas (1Co.14:4), quando usado dessa forma, perde o seu propósito, ou seja, os dons sem o amor é como um metal que soa ou o sino que tine (1Co.13:1).
2. “...deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos...” (v.2).
Antes eles eram gentios, guiados pelos ídolos mudos (1Co.12:2), viviam na ignorância e cegueira espiritual. Cada um buscando seus próprios interesses. Agora não, a graça de Deus os havia alcançados, portanto, aquele modo de vida deveria ser deixado para traz, eles eram novas criaturas em Cristo Jesus, não poderia continuar vivendo como antes. Era preciso praticar o amor “para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co.1:8). Fiel é Deus que os havia chamado a comunhão de Deus Filho (v.9). Todavia, a ignorância a respeito dos dons deveria ser dissipada através da doutrina, e foi justamente para isso que o apóstolo Paulo escreveu essa carta: Trazer luz a respeito de como proceder corretamente para o crescimento da igreja.
3. “...ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema , Jesus!...” (v.3).
São muitas as interpretações a esse respeito. A Bíblia de Estudo de Genebra, por exemplo, acredita que não era alguém realmente proferindo maldição contra Jesus . Na verdade, a maioria dos comentários são superficiais, não traz nada de concreto sobre se alguém convertido do paganismo estava em estase chamando Jesus de maldito ou não. O comentário de David Prior é muito importante:
Será que Paulo o está colocando em oposição à confissão cristã verdadeira, Senhor Jesus, a fim de lembrar aos coríntios o tipo de expressão que eles poderiam muito bem ter ouvido quando eram pagãos e assistiam a cultos locais (“Maldito Jesus”)? Nesse caso, ele estaria dizendo que, em contraste, o Espírito (pneuma) do Deus único e verdadeiro exalta Jesus como Senhor (2001: 206, 207).
Werner de Boor pensa da mesma forma, os gentios que se convertiam ao cristianismo ouviam os judeus pronunciarem que Jesus era “anátema” . Possivelmente o apóstolo Paulo estava mostrando que os judeus que acusavam Jesus de maldito não falavam pelo Espírito Santo, porém, quando alguém na igreja afirmava conscientemente que “Jesus era Senhor”, falava pelo Espírito Santo. Era uma confissão de fé e isso exaltava e glorifica a Jesus como Senhor. O Imperador era considerado um “deus”, “benfeitor” e “senhor”, mas os cristãos diziam: “não, Jesus Cristo é quem é o Senhor”.
Os irmãos na igreja de Corinto estavam falando em línguas estranhas, ninguém entendia nada e Cristo não estava sendo glorificado como Senhor. Os judeus em suas Sinagogas proferiam maldição a Jesus e não era pelo Espírito Santo, Jesus era desonrado por eles, da mesma forma os que estavam falando em línguas ininteligíveis na igreja, também não glorificavam a Jesus como Senhor.
A verdadeira “espiritualidade” não conduz a pessoa a um êxtase, ao individualismo ou a um outro mundo, mas para dentro da vida da igreja local, numa expressão do compromisso pessoal com Jesus como Senhor e com o seu corpo aqui na terra (PRIOR: 2001: 208).
4. “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo” (v.4).
O Espírito Santo capacitou a igreja primitiva com uma variedade de dons extraordinários. Porem, a ênfase maior era direcionada ao dom de língua, porque chamava a atenção e eles se achavam mais espirituais do que os outros irmãos. Por isso o apóstolo Paulo diz que não existe apenas um dom, são vários, e o Espírito é quem opera em todos eles para um fim proveitoso.
Da mesma forma “há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (v.5). Cada um tem o seu ministério e Deus é quem abençoa a todos, portanto todos eles são importantes parta o crescimento espiritual da igreja. Acontece o mesmo na diversidade de operações, pois é Deus que opera tudo em todos (v.6).
5. “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (v.7).
O Espírito Santo dá o dom a cada um conforme a necessidade que surge na igreja. Essa distribuição é feita e operada por Ele (v.6) para um fim proveitoso (v.7) e não usado egoisticamente para sua própria edificação (1Co.14:4). Em Corinto, os dons de línguas estranhas estavam sendo usados para satisfação própria, e não para o crescimento da igreja que glorifica a Cristo no culto.
“Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (1Co.12:8-11).
6. “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente” (v.11)
Dos VS. 8-10 o apóstolo Paulo menciona nove dons que são repartidos particularmente pelo Espírito Santo e dado a cada um como quer. Portanto, os crentes não têm os mesmos dons, nem todos os dons. Eles acreditavam, por falar em línguas estranhas que eram batizados com o Espírito Santo e os outros irmãos que não falavam em línguas, não eram. Por isso o apóstolo Paulo esclarece:
“A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagre? Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos? Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons” (1Co.12:28-31 – negrito meu).
Os Vs. De 28-30 são conclusivos. Nós como corpo de Cristo temos ministérios e dons diferentes. Assim como cada membro do corpo tem sua utilidade, pôs Deus na igreja cada um também com uma função específica. Portanto, são todos apóstolos, tem todos o dom de curar, falam todos em línguas, todos são intérpretes? Não. Da mesma forma que existe, hoje, nas igrejas Pentecostais, naquela época na igreja de Corinto já existia, provavelmente, desejo de alguns serem tão espirituais quanto os que falavam em línguas estranhas pensavam que eram. Na verdade, o apóstolo os chama de carnais, crianças em Cristo (cf. 1Co.3:1).
7. “Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons” (v.31).
Segundo Werner de Boor existe dons maiores do que outros. Mas, eles não devem ser usados para nos exaltarmos. Entretanto, o apóstolo dos gentios faz uma analogia com o corpo humano mostrando que o corpo tem vários membros e cada um tem sua importância especifica para o bem estar e funcionamento correto do corpo. Dessa forma, nem um é melhor ou mais importante que o outro. Assim é a igreja com os dons Espirituais . Então, porque o v. 31 nos manda procurar com zelo os melhores dons? Será que temos a capacidade de escolher o dom que quisermos? Ou é o Espírito Santo que distribui como lhE agrada? (v.11).
O apóstolo Paulo fala dessa forma porque está ocorrendo um fenômeno estranho na igreja de Corinto, que são as línguas. E ele chama a atenção daquelas pessoas que se achavam espirituais para que elas refletissem em tudo quanto o apóstolo havia falado nos versículos anteriores a respeito dos dons.
Por que era um fenômeno estranho?
• Era algo que não aconteceu em outra igreja. Pelo menos, o apóstolo Paulo não trata desse assunto nas outras cartas;
• Era uma língua que ninguém entendia (14:2, 5, 9, 13, 19).
- A introdução de (1Co.13) é feita com o final do (1Co.12) que diz: “Kai eti kaq uperBolhn odon umin deiknumi”. “E eu passo a mostra-vos ainda um caminho sobremodo excelente”
Ainda que eu fale as línguas (gr. glwssaiz, glossais) dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1Co.13:1).
Glossais. Dialetos humano falado no Pentecostes. “Ainda que fale as línguas dos anjos” trata-se de uma “hipérbole” intencional para chamar atenção para aqueles que usam os dons sem a prática do amor ágape o qual ultrapassa todos os dons, que por sua vez, os membros da igreja devem aspirar. Deus é amor (Jo.3:16) . Nada podemos afirmar, sobre a expressão empregada por Paulo: “línguas dos anjos” , tenha sido usada, ou seja, que o Espírito Santo tenha se manifestado com línguas celestiais para ministrar edificando a igreja nascente. Todavia, Paulo diz que vai mostrar um caminho mais excelente (gr. ύπερβολήν), ele faz comparações e a hipérbole é um exagero de palavra. Vejamos: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos”, a palavra “ainda significa que ele não falava; “Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas [...]”. Só quem conhece todos os mistérios e tem todo conhecimento é Deus; “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado [...]”. Ele não possuía nada para dá aos pobres, para se sustentar fabricava tendas. O que ele deixa claro é que os dons sem o amor é como o sino que soa.
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