domingo, 30 de novembro de 2008

Eleitos para a Salvação e Chamada Eficaz


Carlos R. Cavalcanti






OS ELEITOS PARA A SALVAÇÃO
E
CHAMADA EFICAZ





2007

Estudos realizados no culto de doutrina da
Igreja Evangélica Missionária no Janga
Sempre se reformando

ROBERTO, Cavalcanti R. Eleitos Para a Salvação e Chamada Eficaz. Recife. Editora CRC , 2007. 67p.
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ÍNDICE
....................................................


1. ELEITOS PARA A SALVAÇÃO....................................05
1.1 Eleitos na Eternidade..............................................................................13
1.2 Se Cristo morreu por todos, como afirmam os universalistas, por que todos não irão ser salvos?......................................................................20
1.3 O mundo pode ter vários significados. Depende do contexto em que é empregado.............................................................................................23
2. A CHAMADA EFICAZ..................................................45
2.1 Qual a importância dessa doutrina?......................................................46
2.2 Chamados pelo poder de Deus que opera em nós............................52
2.3 A certeza de que o chamado é para a salvação...................................60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS









“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor” (1Co.1:9 – negrito nosso).










1
ELEITOS PARA A SALVAÇÃO

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“Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferistes autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste” (Jo. 17:1-2).
“Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra” (v.6).
“É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus [...]”(v.9).
“[...] Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós” (v.11b).
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (v.17).
“E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade” (v.19:8).
“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste [...]” (v.24a).

Não é preciso ser sábio ou já ter freqüentado um curso de Teologia para entender esses versículos, basta ser nascido de Deus; os filhos de Deus ouvem e entendem a Sua Palavra (Jo.17:8) pelo Espírito Santo (cf. 1Jo.2:27) que lhes foi outorgado (Rm.5:5) . O v.6 do texto de João 17, não deixa dúvidas de que apenas os eleitos serão salvos, aqueles que guardaram a Sua palavra porque eram dEle e o nome de Deus foi revelado a eles (os eleitos) através de Cristo Jesus. Foi exclusivamente por esses que Cristo morreu. Não foi, portanto, especificamente, por cada pessoa do mundo, mas pelos que Lhe foram confiados porque eram de Deus, e não do mundo (v.14b). A “eleição” é uma doutrina bíblica rejeitada pela “Igreja Católica Romana”, porém, resgatada durante a “Reforma Protestante” do século XVI. Todas as Igrejas na época, nos seus artigos de fé, tinham a mesma opinião quanto a esse respeito: Deus elegeu para a salvação eterna, segundo o beneplácito de Sua vontade, um povo pecador, inimigo de Deus, que merecia a justa condenação, para ser instrumento de Sua bondade e misericórdia. Deixando o resto a sua própria sorte, pois, todos pecaram e afastados foram da glória de Deus. Como Ele não deve nada as suas criaturas, não tinha, portanto, a obrigação de salvar ninguém, mas aprouve a Ele salvar alguns dentre a raça caída, demonstrando Seu amor e misericórdia, porque assim foi do Seu agrado (cf. Rm.9:15-16) .
A rejeição a essa doutrina vem aumentando devido a grande apostasia que por sua vez é algo profético. Podemos constatar que esse crescimento é uma característica marcante do homem na sociedade pós-moderna, o qual, por essa razão, sente uma grande dificuldade em compreender as antigas doutrinas da graça. Por se multiplicar a iniqüidade muitos se afastou da sã doutrina por diversos motivos, os principais são: o cuidado com as coisas do mundo, a procura de doutrinas que promovam a satisfação da carne, o descompromisso com o Reino de Deus e o relaxo espiritual. Analisemos o artigo 20 da confissão de fé dos países baixos, e veremos o quanto as igrejas se desviaram da fé reformada:

Cremos que Deus, que é perfeitamente misericordioso e justo, enviou seu Filho para tomar a natureza na qual se havia cometido a desobediência, a fim de satisfazer e levar sobre ela o castigo dos pecados por meio de sua amarga paixão e morte. Assim, pois, demonstrou Deus a sua justiça contra o seu próprio Filho quando carregou sobre Ele nossos [dos eleitos] pecados; e derramou sua bondade e misericórdia sobre nós [os eleitos] que éramos culpados e merecedores de condenação, entregando seu Filho para ser morto por nós [os eleitos], movido por um mui perfeito amor, e ressuscitando-o para nossa [dos eleitos] justificação, para que por Ele tivéssemos [nós, os eleitos] a imortalidade e a vida eterna.

Sabemos, portanto, através das Escrituras, que os falsos mestres descompromissados com a palavra de salvação, e que corrompem as verdades nelas contidas, estão condenados em si mesmo (cf. Tt.3:11) . Muitas igrejas, atualmente, agem dessa forma, a fim de dar sustentabilidade às falácias arminianas, porque foi assim que suas idéias corrompidas receberam a justa condenação pelo Sínodo de Dort em que se expunha a doutrina reformada (DORT, 1618 – 19 – Editora Cultura Cristã. p11).
Um dos erros grosseiros da doutrina “arminiana” apresentada na “Remonstrânçia” e refutada no “Sínodo de Dort” foi a seguinte:

A eleição incompleta e não-definida de certas pessoas para a salvação se baseou nisto: Deus previu que elas começariam a crer, se converteriam, viveriam em santidade e piedade, de que até continuariam nisto por algum tempo. Eleição completa e definitiva de pessoas, porém, ocorreu porque Deus previa que elas perseverariam em fé, conversão, santidade e piedade até o fim. Isto é, constitui a dignidade graciosa e evangélica pela qual a pessoas que é escolhida é mais digna que outra que não é escolhida. Conseqüentemente a fé, a obediência de fé, a piedade e a perseverança não são frutos da imutável eleição para a glória. São condições e causas previamente requeridas e previstas como cumpridas naqueles que serão eleitos completamente. Só com base nestas condições ocorre a eleição imutável para a glória (DORT, Editora Cultura Cristã, ps.25, 26).

Vejamos agora de uma forma bíblica como os Teólogos reunidos no Sínodo de Dort refutaram tais heresias:


Este erro está em conflito com toda a Escritura que repete constantemente para nossos ouvidos e corações, estas e semelhantes afirmações: a eleição não [se dá] por obras mas por aquele que chama... (Rm.9:11), ... e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna; (At.13:48) ... nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele... (Ef. 1:4); não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros... (Jo.15:1, 6); ... se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça (Rm.11:6). Nisto consiste o amor; não em, que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu filho... (1Jo.4:10) (DORT, Editora Cultura Cristã, ps. 26).

O Evangelho pregado na maioria dos nossos púlpitos não exalta, nem glorifica a Deus. É um Evangelho de prosperidade material, em que uns ficam bastante ricos e o resto continua na miséria, o que é pior, sem receber o leite espiritual para o crescimento do verdadeiro crente. O povo, sedentos da palavra de Deus, ao ouvirem os mercenários da prosperidade e agiotas da fé, entra em estado de êxtase, devido aos relâmpagos, trovões e todo espetáculo empregado por esses atores que se dizem ministros do Evangelho. Quando o culto termina, os irmãos vão para casa cheios de promessas vazias e sedentos como beduínos no deserto, posto que esses mercenários são como nuvens vazias, não sai uma gota d’água . A estes que se introduzem no meio do povo de Deus com dissimulação, foram antecipadamente pronunciados para a condenação: “[...] homens ímpios, que transformaram em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Jd.4). “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá” (Jd.11).
Esse estudo tem a finalidade de responder algumas indagações que são feitas por determinados irmãos e até mesmo por aqueles que passaram pelo curso de Teologia, mas, desejam, de coração, conhecer a verdade sobre esta tão importante e sublime doutrina: A eleição.
Os eleitos de Deus anelam por conhecê-Lo, bem como o plano de salvação que nos foi preparado antes que houvesse mundo. Se você não consegue entender essas verdades, peça sabedoria a Deus que a todos dá livremente (cf. Tg.1:5) .

1.1 Eleitos na Eternidade

Que dizer então? Israel não conseguiu aquilo que tanto buscava, mas os eleitos o obtiveram. Os demais foram endurecidos, como está escrito: “Deus lhes deu um espírito de atordoamento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até o dia de hoje (Rm.11:7 – negrito nosso).

1) A pergunta mais freqüente que ouvimos no meio evangélico a respeito da eleição está relacionada à idéia de que Deus seria injusto caso houvesse escolhido alguns para salvação e deixado os outros em sua própria perdição.

- Analisaremos uma parábola, muito conhecida, que mostra a liberdade de Deus agindo soberanamente. E Ele não é injusto como se pensa, mesmo agindo dessa forma. A bondade de Deus não pode ser medida com critérios humanos.

Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora, viu, na praça, outros que estavam desocupados e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez, perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécimo, encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhes: Porque ninguém nos contratou. Então, lhes disse ele: Ide também vós para a vinha. Ao cair da tarde, disse o senhor da vinha ao seu administrador: Cama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos, indo até aos primeiros. Vindo os da hora undécima, recebeu cada um deles um denário. Ao chegarem os primeiros, pensaram que receberiam mais; porém também estes receberam um denário cada um. Mas, tendo-o recebido, murmuravam contra o dono da casa, dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo, os igualaste a nós, que suportamos a fadiga e o calor do dia. Mas o proprietário, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão os últimos (porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos) (Mt.20:1-16).

A parábola fala da justiça de Deus agindo soberanamente na escolha dos que irão ser salvos: “...porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (v.16). O dono da vinha tem todo o direito de fazer o que quiser com o que é dele (v.15), porém os trabalhadores que chegaram primeiro achou que o dono da vinha era injusto por ter pago o mesmo valor aos que chegaram por último. Ele faz o que quiser com o que é seu. Da mesma forma, o Filho do homem salva a quem Ele quiser: “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo. 5:21). Quando Deus salva um e não o outro, não está sendo injusto, mas, justo, pois a salvação pertence a Ele. Na verdade, os olhos dos que não entendem a doutrina da Eleição, são maus porque Deus é bom e provou Seu amor para conosco tendo Cristo Jesus morrido na cruz sendo nós ainda pecadores. Ele não pode ter provado o Seu amor para conosco e no final das contas alguns desse perderem a salvação. Os que ficarão na sua própria condenação são os que não foram eleitos. Deus não é injusto por não ter elegido a todos (v.16).
A Bíblia esclarece, muito bem, que Deus escolheu pela Sua graça um povo para salvação, e Jesus Cristo na Sua oração sacerdotal pede por eles, não pelo mundo: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus [...]” (Jo.17:9). Não só o Capítulo 17 de João, mas, toda a Bíblia fala de eleição, de um remanescente fiel que irá ser salvo. No tempo de Noé, muitos pereceram, e poucos foram salvos (Lc.17:26, 27; 1Pe.3:20) . O mesmo sucedeu nos dias de Ló (Gn.19:29; Lc.17:28, 29) . Nos tempos de Elias e (Is.10:22) como afirma o apóstolo Paulo em (Rm.11; Rm.9:27). Ele aponta que nos dias dele também havia um remanescente segundo a eleição da graça (cf. Rm.11:5) . Portanto, não nos surpreende que também “no tempo atual” há um remanescente segundo essa eleição.
A Confissão de fé Batista de 1689 tem posição Calvinista a respeito da “eleição”:

Em seu propósito eterno, e de acordo com o pacto estabelecido entre ambos, aprouve a Deus escolher e destinar o Senhor Jesus, seu Filho unigênito, parta ser o Mediador entre Deus e os homens: para ser o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja... Deus de toda a eternidade, Deus deu-Lhe um povo para ser sua descendência, e para que, em tempo, esse povo seja por Ele redimido, chamado, justificado, santificado e glorificado... Por sua obediência perfeita, e pelo sacrifício que fez de Si mesmo..., o Senhor Jesus satisfez plenamente a justiça de Deus, obteve a reconciliação e adquiriu uma herança eterna no reino dos céus para todos quantos foram dados a Ele pelo Pai... Cristo certamente aplica e comunica eficazmente a redenção eterna, para todos quantos Ele a obteve... (Capitulo 8, parágrafos 1, 5 e 8).

O texto de João 17:1 não deixa dúvidas, Jesus Cristo foi glorificado pelo Pai, o qual lhe concedeu autoridade sobre toda a carne “a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste”. É chegada a hora de ser consumado o que Deus havia providenciado na eternidade a favor daqueles que eram Seus. É revelado que muitos irão permanecer na perdição, ou seja, não foram eleitos para a salvação. Não podemos, todavia, pensar que entre os eleitos alguns possam vir a perder a salvação. Primeiro, porque a salvação é eterna, aconteceu antes na mente do Criador. “Eram teus” (v.6), foram dados a Cristo para que os purificassem através da obra de redenção realizada na cruz. Essa obra foi um ato único, eterno e eficaz. Portando, os que foram conferidos a Cristo Jesus alcançarão, de fato, vida eterna (v.2). Podemos pensar com toda certeza que estão seguros, principalmente porque têm um sumo sacerdote que está a destra de Deus e intercede por nós . Segundo, essa garantia também é vista no v.9: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus [...]”. Você acredita que os eleitos que foram conferidos a Cristo Jesus para vida eterna, os que Ele deseja que estejam ao Seu lado (Jo.17:24a) possam por algum motivo perder a salvação? Ensinar que os eleitos de Deus podem perder a salvação é antibíblico. Se isso fosse possível, a eleição perderia seu significado, aqueles que Deus deu a Cristo para que Lhes fossem conferido vida eterna ainda estariam perdidos. Vida eterna é justamente algo que começa em um passado eterno, foi consumado no tempo e no espaço, e permanecerá para sempre. Não podemos, no entanto, acreditar que essa salvação seja quebrada no tempo presente por algum tipo de pecado posto que nossa dívida foi paga completamente, Cristo satisfez a justiça de Deus morrendo na cruz pelos nossos pecados. Ter essa visão, de que os eleitos podem perder a salvação, é ser criança na fé. Ora, diz a Bíblia, os salvos não perdem a salvação:
Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.8:38-39).
Como vimos, não existe nada que possa nos afastar do amor de Deus, que está em Jesus Cristo nosso Senhor. Ou ainda há algo pelo qual alguém que está em Cristo possa perder a salvação? Se existisse essa possibilidade, o sacrifício de Jesus Cristo na cruz teria sido ineficaz, contradizendo, dessa forma, as Escrituras, como por exemplo: (Hb.10:12-14; Jo.10:25-30) . Na verdade, aquele que começou a boa obra em tua vida há de concluí-la até o dia de Cristo Jesus.

2) Se foram eleitos alguns para salvação, como explicar (Jo.3:16) que diz: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”?

- Muitos insistem que Jesus morreu por todos. Se pensarmos dessa forma, estaremos descartando os textos que nos ensinam a respeito do castigo eterno e afirmando que não existe inferno, assim como a eleição. Pois, eleição significa escolher alguns dentre muitos.

1.2 Se Cristo morreu por todos, como afirmam os universalistas, por que todos não irão ser salvos?

A Bíblia afirma que “muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (Mt.22:14); “E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo” (Ap.20:15); “Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl.9:17). Analisemos, portanto, o texto de (Jo.17).

 Em (Jo.17:1-2) na oração sacerdotal de Jesus, a vida eterna é concedida a todos os que foram dados a Cristo pelo Pai. E por que a maioria irá para o inferno? Porque todos, nesse contexto, significa os eleitos de Deus. E nem todos foram eleitos para salvação:

Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferistes autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
 Se Cristo morreu por todos, por que só serão salvos aqueles a quem foi manifestado o nome de Deus? “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo” (v.6 – negrito nosso).
 Se Cristo morreu por todos, por que só serão salvos aqueles que têm guardado a “Palavra de Deus”? Sabendo que a salvação é pela fé e a fé é um dom de Deus. “Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra” (v.6 – negrito nosso).
 Se Cristo morreu por todos, por que Ele não rogou pelo mundo, mas apenas pelos que são de Deus?: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus [...]” (v.9 – negrito nosso).
 Se Cristo morreu por todos, por que Ele pede a Deus que guarde apenas os que lhes foram conferidos para a salvação?: “[...] Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós” (v.11b – negrito nosso).
 Se Cristo morreu por todos, por que todos não são “santificados na verdade”? Só os eleitos, aqueles que foram destinados à vida são os que Cristo Jesus pede para que o Pai os santifique na verdade? “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (v.17 – negrito nosso).
 Se Cristo morreu por todos, por que a vontade do Filho não é a de que “todo mundo” esteja onde Ele estiver? Mas, o desejo dEle é que só os que foram dados pelo Pai esteja com Ele: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste [...]” (v.24ª – negrito nosso).
O pensamento desenvolvido pelos arminianos a respeito da eleição é o seguinte: Os que irão se perder irão pelo fato de terem rejeitado a graça salvadora pelo seu livre-arbítrio. Em outras palavras, a salvação foi consumada por cada pessoa do mundo, encontra-se, porém, a disposição dos que quiserem aceitar ou não. Em primeiro lugar, quero esclarecer que “todo mundo” em (Jo. 3:16) refere-se, apenas, a todos os eleitos (judeus e gentios) e não a cada pessoa do mundo. Na concepção judaica, só os que cumpriam a Lei iriam para o paraíso. Na época, o “Sheó” estava divido em “Geena” e “Paraíso” e os gentios e judeus que não cumpriam a Lei iriam para o Geena. Quando o Messias viesse, só os que cumpriam a Lei ressuscitariam, todos os outros seriam deixados para trás. Por isso, “mundo” é usado em oposição a idéia de que só Eles iriam ser salvos.
Não só Jo.3:16, mas, existem outros versículos que são usados pelos universalistas a fim de apoiarem essa interpretação, afirmando que Cristo morreu por cada pessoa no mundo. Veremos que tais alegações não procedem. É falta de conhecimento bíblico. Podemos afirmar que tanto o pelagianismo quanto o arminianismo são frutos da apostasia que há de vir sobre o mundo. O mundo a que me refiro é o mundo cristão, o qual se afastou da fé reformada, pois o mundo pagão não tem do que apostatar.

1.3 Mundo pode ter vários significados. Depende do contexto em que é empregado.

Mundo – Cosmo - Universo: “[...] assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor”. (Ef.1:4 – negrito nosso)

- Mundo em Ef. 1:4 significa muito mais que o planeta terra, refere-se a tudo o que foi criado por Deus: Cosmo, Universo.

Mundo – os que ainda não haviam sido alcançados pela graça salvadora – “O mundo jaz no maligno”.

- “O mundo jaz no maligno”. O sistema mundial está estruturado na injustiça, bem como os que dele usufruem corruptamente. A palavra “mundo” neste sentido também não significa que todas as pessoas estivessem no maligno. Os eleitos de Deus, alcançados pela graça salvadora, estão em Cristo Jesus, e vivem nesse mundo. Portanto, a palavra mundo neste contexto é, também, limitada a um grupo de pessoas presas ao sistema corrompido.

Mundo – no gr. “todo mundo” – “Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda população do Império para recensear-se” (Lc.2:1).
“Toda a população do Império” – (mundo habitado – gr. Οίκουηένην) . O mundo habitado não estava resumido apenas ao Império Romano. Havia muitos países que faziam fronteira com o Império e não participaram desse recenseamento. Mundo, portanto, nesse contexto se refere ao “Império Romano” e não a cada pessoa que existia naquela época.

Mundo – os não eleitos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (Jo.14:16, 17 – negrito nosso).
Nesses versículos o escritor diz que “o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não vê, nem o conhece [...]”, se for interpretado como os arminianos fazem com Jo.3:16, significaria afirmar que cada pessoa do mundo ainda estaria morta em seus delitos e pecados, e que o sangue de Jesus não nos purificou de toda a injustiça, justamente porque não podemos receber o Espírito da verdade. Mas, no final do versículo ele diz: “vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós”. Em (Jo.14:16-17), bem como em (Jo.3:16) mundo não significa todos literalmente, mas uma quantidade, os não eleitos. Ou seja, todos os que serão deixados em sua própria cegueira espiritual porque não podem receber o que não conhecem: o Espírito Santo.

Mundo – uma grande multidão: “De sorte que os fariseus disseram entre si: Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após ele”! (Jo.12:19 – negrito nosso).
O mundo não seguia a Jesus, porém uma grande multidão. Nesta passagem, “mundo” é usado como força de expressão, uma hipérbole, um exagero de palavra. O mundo inteiro, no sentido literal, seguia a Jesus? Não. O sacrifício expiatório de Jesus Cristo foi pelo mundo inteiro? No sentido literal? Claro que não. Se fosse, todos seriam salvos. Algo é certo, todos os eleitos serão alcançados pela graça. Analisemos, pois, (Jo. 6:39): “E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu: pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia”. Será que Cristo realizou a vontade do Pai em consumar a obra de redenção morrendo na cruz por aqueles (os eleitos) que o Pai Lhe deu (Jo.6:37)? Ele disse que desceu do céu para fazer a vontade daquele que O enviou (cf. Jo.6:38; 10:25) e a vontade daquele que O enviou é esta: “que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia” (Jo.6:39b). Em (Jo.10:28-29) está claro, os eleitos de Deus jamais serão arrebatados da mão do Pai, pois foi-lhes dado a vida eterna em Cristo Jesus.
Os salvos foram eleitos na eternidade (cf. Ef.1:4) e selados para esse fim (cf. Jo.6:27): a salvação.
Será que a vontade de Deus Pai é menor do que a vontade humana? E que o pensamento arminiano, em que se afirma poder resistir a graça Divina, é verdadeiro? A Bíblia diz que não. A graça de Deus é eficaz e irresistível , Ele mesmo afirma: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo.10:27-28 - negrito nosso).
Quando a Bíblia diz que o Espírito Santo é quem convence o homem do pecado da justiça e do juízo, significa que Ele só opera miraculosamente e eficazmente nos eleitos, quebrando a resistência e a inimizade que havia antes . É contraditório afirmar que alguém convenceu outro e não obteve o resultado esperado. Logicamente isso não teria sido um convencimento. Se Cristo salva, é porque Ele realmente dá vida a todos os que o Pai lhe deu. Da mesma forma é com o Espírito Santo, se Ele convencer é porque ouve aceitação, posto ser eficaz a Sua atuação. A Confissão de Fé de Westminster, sobre isto, nos informa que:

Seção I. – Todos aqueles a quem Deus predestinou para a vida, e somente esses, aprouve ele, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente, por sua Palavra e por seu Espírito, daquele estado de pecado e de morte, em que estão por natureza [...]” (CONFISSÃO DE FÉ WESTMINSTER. 1999: 231).

Mundo – pessoas de diversas localidades: “[...] pela palavra da verdade do evangelho que chegou até vós; como também em todo o mundo está produzindo fruto e crescendo [...]” (Cl.1:5, 6 – negrito nosso).

Nesse caso mundo refere-se ao Império Romano. O Evangelho estava sendo pregado por todo o mundo com bastante aceitação. O Império Romano era considerado de proporção mundial. Não podemos interpretar que o Evangelho tinha alcançado, de uma forma geral, todo o mundo de então. Principalmente porque a história bíblica mostra que havia países que ainda não havia sido alcançados pelo Evangelho.

Mundo – eleitos: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29 – negrito nosso).
Aqui também está se referindo aos eleitos de Deus (judeus e gentios). Se o Cordeiro tivesse feito expiação pelos pecados de cada pessoa do mundo é claro que o mundo inteiro seria salvo . Todos sendo salvos, a doutrina do inferno estaria na Bíblia sem sentido. Pois está escrito que muitos não tiveram suas vestes lavadas com o sangue do Cordeiro de Deus, ouvirão, portanto, naquele dia: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt.25:41). Esta é uma realidade que muitos irão enfrentar eternamente (eterno - gr. Anion).
“Todos”, também, em alguns contextos, referem-se aos “eleitos de Deus” (judeus e gentios) e não a todas as pessoas do mundo, como acreditam alguns arminianos.
É falso afirmar que Cristo consumou uma obra expiatória pelos nossos pecados (cf. 2Co.5:19) e colocou a disposição de pessoas mortas nos seus delitos e pecados para que elas pudessem escolher ou rejeitar a vida. O texto de (Dt.30.19) é interpretado pelos arminianos como se os israelitas pudessem escolher a vida, porém, eles escolheram a morte. Por que não escolheram a vida? Justamente porque a Lei gera consciência de pecado , e não vida. Se a Lei gerasse vida não era preciso outra Aliança . A Bíblia diz que foi Cristo Jesus quem nos deu vida: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef.2:1). A salvação, portanto, pertence ao nosso Deus, foi dada autoridade ao Filho para consumar a obra de redenção e dar vida eterna a todos os eleitos de Deus:
Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferistes autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste (Jo. 17:1-2).
Em João 17:1-2, está escrito que a vida será dada aos eleitos de Deus. Não é como afirmam alguns arminianos: “algo consumado e colocado a disposição de quem quisesse”.
Temos muitos versículos que corroboram com o pensamento reformado (bíblico) afirmando que o homem não tem capacidade de escolher a Deus, de decidir se O aceita ou não. Estávamos mortos nos nossos delitos e pecados e fomos, portanto, objeto da Sua graça e do Seu amor. Vejamos alguns desses versículos:
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça [...]” (Jo.15:16); “Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem” (At.15:7); “[...] assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef.1:4-5). “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade (2Ts.2:13 – negrito nosso).
Como vimos, a salvação é incondicional , é dada aos eleitos sem que eles possam resistir. “Pois quem jamais resistiu à sua vontade?” (Rm.9:19). Se a salvação estivesse a disposição da humanidade ninguém teria a capacidade de alcançá-la, visto que todos estão mortos espiritualmente, são inimigos de Deus (Rm.5:10) . Todas as suas faculdades estão corrompidas pelo pecado sendo os seus desejos o de fazer a vontade do diabo (cf. Jo.8:44) e não a de Deus. Inimigos da Cruz de Cristo (cf. Fl.3:18) , destinados a perdição (cf. Fl.3:19) .
3) Segundo os ensinamentos arminianos, Deus elegeu conforme Sua presciência. Ou seja, Ele elegeu ou predestinou aqueles a quem previu que teriam fé e se arrependeriam. Isso é o que vem sendo ensinado na maioria das igrejas.
- Muitos estão sendo ensinados dessa forma. É uma doutrina corrompida de origem pelagiana que rouba a glória da Deus, isso é muito perigoso. É importante salientar que a salvação pertence ao nosso Deus: “Do SENHOR é a salvação, e sobre o teu povo, a tua bênção” (Sl.3:8). “Ao SENHOR pertence a salvação!” (Jn.2:9). O homem não contribui para que a eleição o alcance. É algo que pertence ao SENHOR.
Quem são os verdadeiros eleitos? Alguém pode responder? Só Ele sabe, pois, conhece a real intenção do nosso coração . Isso não quer dizer que Ele nos elegeu devido a esse conhecimento prévio. Não, Ele nos elegeu porque fomos instrumento do Seu amor sem que houvesse nada de bom, de virtuoso em nós que O inclinasse a fazer tal escolha. Fomos, como já disse, alvo da Sua graça, do Seu poder, do Seu infinito amor; o motivo pelo qual nos escolheu em Cristo, eu não sei. Acredito que nem na eternidade saberemos.
Se fossemos escolhidos porque Deus previu que iríamos crer, isso não seria eleição de Deus, e sim, nossa. Nós escolheríamos a Deus, iríamos até Ele através das nossas próprias obras. Todavia, Ele diz: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” [...] (Jo.15:16). Judas foi escolhido como vaso de desonra para que se cumprissem as Escrituras . Não foi o contrário. Jesus não foi pego de surpresa, nem o conheceu porque viu que ele iria agir daquela forma, como um diabo (opositor), mas porque isso foi decretado na eternidade conforme o Seu propósito, para acontecer, no tempo estabelecido pelo Eterno, sem que Judas pudesse mudar aquela situação. Em (Jo.17:12) ele é chamado de filho da perdição, o que significa, em ultima análise, que nasceu para que através da sua atitude “se cumprisse a Escritura”. Vemos a soberania de Deus quando Ele diz que nem um dos Seus discípulos se perdeu “exceto o filho da perdição”.
Como todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus, encontram-se mortos nos seus delitos e pecados sob a ira de Deus. Portanto, todos mereciam a justa condenação: a morte eterna. Contudo, aprouve, pois, a Ele, salvar alguns dentre a humanidade caída pelo Seu infinito amor, mostrando assim sua misericórdia para com esses sem que houvesse mérito em nenhum deles; foi pela graça mediante a fé, não pelas obras para que ninguém se gloriasse.
A própria Bíblia mostra que a teoria arminiana é um desvio da sã doutrina (apostasia). Se a eleição fosse devido a algo bom que existisse em alguns homens, a salvação não seria pela graça, mas pelas obras. Os judeus religiosos pensavam que seriam salvos pelas obras da Lei, e Jesus disse-lhes: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo.6:44). Só se entende essas palavras pelo Espírito de Deus. Muitos judeus incrédulos rejeitaram a mensagem de Jesus Cristo e disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo.6:60). Respondeu Jesus: “Isso vos escandaliza?” (Jo.6:61b). Jesus pergunta aos Seus discípulos se eles queriam ir embora também, como fizeram os incrédulos: Os discípulos entenderam a mensagem pela fé e responderam: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo.6:68). Eles creram e entenderam que Jesus era o Messias o Santo de Deus. Jesus disse depois dessas declarações que os discípulos foram escolhidos por Ele (cf. Jo.6:70) . Os que não foram, deixaram de andar com Ele por causa da doutrina que os escandalizavam .
Ainda hoje, essa palavra, quando exposta de forma genuína escandaliza os que não foram “destinados para a vida eterna” .
4) Até os que se dizem Teólogos fazem essa pergunta absurda: “Se Deus elegeu alguns para a salvação e reprovou os outros, por que evangelizar se os eleitos vão ser salvos de qualquer forma?”
- A Palavra de Deus não diz isso! Lutero, Calvino e os reformados nunca pensaram dessa forma. Esse argumento é falho, para não dizer ridículo. Na verdade, ele tem o objetivo de macular a doutrina da eleição.
Fomos chamados para levar as boas novas de salvação a toda criatura, não sabemos, portanto, quem são os eleitos de Deus, só sabemos que no momento certo, só eles responderão ao chamado de Deus através da instrumentalidade da Sua Palavra: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc.16:15-16). Os que não foram eleitos para salvação não poderão crer. Permanecerão mortos nos seus delitos e pecados e serão deixados na sua própria incredulidade. O apóstolo Paulo nos esclarece o motivo:

[...] porque, tendo o conhecimento natural de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm.1:21-22).

A fé, dos eleitos, vem através da pregação da Palavra. O apóstolo Paulo mostra que o remanescente em Israel, na sua época foi chamado dessa forma:
Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo (Rm.10:13-17).
O que me deixa estarrecido e bastante triste, é o fato de que muitas “igrejas” estão lançando dúvidas com pensamentos equivocados a respeito da eleição. Portanto, estão pregando um Evangelho diferente para seus fiéis, adulterando a Palavra de Deus. Todavia a Escritura afirma categoricamente que tais pessoas quando admoestadas e permanecem irredutíveis são pecadoras, estando condenadas em si mesmas. Vejamos o que diz os versículos a respeito dos que rejeitam a palavra da verdade:
Quanto àquele que provoca divisões, advirta-o uma primeira e uma segunda vez. Depois disso, rejeite-o. Você sabe que tal pessoa se perverteu e está em pecado; por si mesmo está condenada (Tt.3:10, 11).
Em nossos dias, doutrinas contrárias a ortodoxia continua com o mesmo espírito faccioso dilacerando o Corpo de Cristo (a Igreja). Certifique-se! Analise a Confissão de fé Reformada e os Cânones de Dort e procure ver as confissões que estão sendo usadas atualmente pelas igrejas arminianas! Não faça um juízo antecipado do calvinismo sem primeiro analisar a Bíblia e suas doutrinas como os reformadores na Europa e os puritanos na Inglaterra fizeram. Tenho observado que a maioria dos que fazem críticas ao calvinismo nunca leu nada sobre Calvino, e desconhece completamente a fé reformada. Como poderão entender se nunca leram nada? O eunuco estava lendo o texto de Isaias, porém, ele estava entendendo? Claro que não! Foi preciso Filipe explicar conforme está escrito no livro de Atos 8:26-40).









2
CHAMADA EFICAZ
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Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou (gr. καλέσαντος = kalessantos) das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe.2:9 – negrito e parêntese nosso).

M
uitos benefícios são concedidos aos homens, ou seja, de uma forma geral o SENHOR derrama suas bênçãos sobre justos e injustos. Porém o Espírito de Deus, conforme ensina a Escritura, no Pacto da Graça, assegura eficazmente a salvação dos eleitos de Deus que serão chamados segundo o Seu poder (cf. Ef.1:19) que opera naqueles que foram dados ao Filho (cf. Jo. 17: 2) . Essa Graça ou chamada eficaz atua exclusivamente nos que foram escolhidos desde o princípio para a salvação mediante o Evangelho (cf. 2Ts.2:13, 14) .

2.1 Qual a Importância Dessa Doutrina?
Ela enfatiza o amor, a justiça e a fidelidade de Deus no plano de salvação, visa exclusivamente glorificá-Lo, pois tudo que recebemos provém dEle . Portanto, devemos preservar e cuidar para que a mesma não seja esquecida por todos aqueles que se dizem cristãos. É verdade que a igreja está em crise, posto que o genuíno Evangelho não tem sido pregado, principalmente, pelas igrejas que se afastaram da fé reformada. Por isso devemos preservar a unidade doutrinária, armando-nos contra os inimigos da fé, como fizeram os apóstolos . Pois, essa maravilhosa doutrina foi corrompida principalmente pelos pelagianos e arminianos. Vejamos primeiro como acreditam os reformados e depois como o arminianismo torceu a verdade:

Outros que são chamados pelo ministério do Evangelho vêm e são convertidos. Isto não pode ser atribuído ao homem, como se ele se distinguisse por sua livre vontade de outros que receberam a mesma e suficiente graça para fé e conversão, como a heresia orgulhosa de Pelágio afirma. Mas isto deve ser atribuído a Deus: como Ele os escolheu em Cristo desde a eternidade, assim Ele os chamou efetivamente no tempo. Ele lhes dá fé e arrependimento; Ele os livra do poder das trevas e os transfere para o reino de seu Filho. Tudo isso Ele faz a fim de que proclamem as grandes virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz e se gloriem, não em si mesmos, mas no Senhor, como é o testemunho geral dos escritos apostólicos (Cl.1:13; 1Pe.2:9; 1Co.1:31) (DORT, Editora Cultura Cristã, 1618 – 1619. p.37, 38 – negrito nosso).
Todos aqueles a quem Deus predestinou para a vida, e somente esses, aprouve ele, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente, por sua Palavra e por seu Espírito, daquele estado de pecado e de morte, em que estão por natureza, à graça e salvação por meio de Jesus Cristo (Seção I. VOCAÇÃO EFICAZ. Confissão de Fé WESTMISNTER – 1646 – negrito nosso).

Esse era o pensamento das igrejas contido nas confissões de fé. Pensamento fundamentado nas Sagradas Escrituras em que o SENHOR é exaltado pelos Seus maravilhosos feitos, como afirmam os Cânones de Dort e as Confissões das Igrejas Reformadas.

Assim como muitos livros neo-testamentários foram escritos, principalmente, para combater certas heresias que surgiam na igreja nascente, como é o caso do gnosticismo e dos judaizantes, houve também a necessidade dos pais da igreja sustentarem o mesmo testemunho dos apóstolos escrevendo contra os que procuravam infamar o caminho da verdade. Da mesma forma, surgem os credos e as confissões com o objetivo de preservar as verdades que foram transmitidas aos eleitos. Porque como diz A. A. Hodge:

“[...] em todas as ocasiões surgiram hereges pervertendo as Escrituras, exagerando certos aspectos da verdade e negando outros igualmente essenciais, e assim, com efeito, transformaram a verdade de Deus em mentira” (CONFISSÃO DE FÉ WESTMISNSTER. Editora os Puritanos, 1999. p.22).

A Confissão Belga afirma que a Bíblia é suficiente para a nossa salvação revelando tudo que é necessário para o crescimento espiritual dos que são chamados para a vida. No seu artigo 7 ela diz: “Cremos que esta Sagrada Escritura contém perfeitamente a vontade de Deus e suficientemente ensina tudo o que o homem deve crer para ser salvo (2Tm.3:16-17; 1Pe.1:10-12) ”. Todos os Credos e Confissões são de valor unicamente na medida em que estão de comum acordo com as Escrituras, tendo sidos elaborados e definidos pela igreja que tem autoridade para isso.

Vejamos agora como a verdade foi transformada em mentira:
Um caso de corrupção doutrinária é “A Remonstrância” (pleito, pedido) conhecido como os “cinco pontos arminianos” em que o quarto ponto, refutado pelos teólogos calvinistas, diz que a “Graça pode ser rejeitada”:

Graça e livre vontade são as causas parciais que operam juntas no início da conversão. Pela ordem destas causas a graça não precede à operação da vontade do homem. Deus não ajuda efetivamente a vontade do homem para sua conversão, enquanto a própria vontade do homem não se move e decide se converter (Heresias refutadas: p.45 – Sínodo de Dort entre 1618 – 1619).

Analisaremos, pois, os versículos bíblicos que confirmam a eficácia da Graça salvadora que opera pelo poder de Deus na vida dos que foram eleitos na eternidade para a salvação, pela santificação do Espírito (cf. 2Ts.213) .

2.2 Chamados pelo Poder de Deus que Opera em Nós.

“[...] e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder [...]” (Ef.1:19 – negrito nosso).

Certo dia, ao ouvir um hino que dizia, “Só depende de você. Que Deus muda esse quadro, só depende de você. Olha só o seu estado! Depende de você que Ele muda de uma vez a sua vida”. Terminado o hino, como era culto de doutrina tive, como pastor, a responsabilidade de explicar, com maiores detalhes, que hinos como o que foi cantado, não bendiz ao SENHOR, ao contrário, roubam-Lhe a glória. Posto que a salvação pertence Ele. Não precisando, portanto, de permissão para derramar o Seu Espírito Santo sobre os que foram escolhidos desde toda eternidade. Deus é poderoso, em (Jo:17:1-2) lemos: “[...] assim como lhe conferistes autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste”. Jesus cumpriu a vontade do Pai expiando todos os pecados daqueles que foram predestinados para salvação em Cristo Jesus. Mesmo assim, muitas pessoas bem intencionadas, porém erradas, dizem que Jesus Cristo pede permissão para dar vida aqueles que estão mortos nos seus delitos e pecados (cf. Ef.2:1) . Muitas frases que ouvimos diariamente nos programas Evangélicos através dos canais de televisão são como estas: “Para que Deus possa abrir a porta do Reino, é preciso que você queira”. “Deus não faz nada a não ser que você permita, Ele precisa do nosso consentimento”. Geralmente esses pregadores estão na mídia e são as estrelas do culto. Ensinar essa forma deteriorada e corrompida de evangelho, é simplesmente uma heresia. A Bíblia nos alerta quanto ao perigo que elas representam. O apóstolo Paulo escreve a Tito como a verdadeiro filho, segundo a fé que era comum aos eleitos a fim de abrir-lhes os olhos a respeito de falsas doutrinas que estavam surgindo no seio da igreja: “Evita o homem faccioso , depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada” (Tt.3:10-11). Em outras versões diz que está condenada em si mesmo.
O que a Bíblia ensina a respeito da salvação é totalmente diferente do que a maioria das igrejas (que se afastaram da fé reformada) estão oferecendo atualmente. Não sou contra uma igreja cheia e que está em crescimento, mas fico triste com uma igreja sem qualidade espiritual, que não cresce no conhecimento da palavra de Deus, iludindo os fiéis com falsas promessas de prosperidade e de poder espiritual. O que estão oferecendo atualmente para manter as igrejas cheias é justamente aquilo que as pessoas do mundo buscam, uma satisfação imediata, e um culto em que a palavra de Deus não tem um lugar primordial, porém, um show é oferecido com o intuito de agradar aos ouvintes e prendê-los, muitas vezes, pelas falsas profecias, manifestações de curas milagrosas e o dom de línguas. A palavra quando é pregada nesses locais é adulterada. Por isso a Bíblia relata que muitos um dia irão ouvir diante do Trono de Deus, no julgamento final: Afastai-vos de mim malditos para o fogo eterno que está preparado para o diabo e seus anjos.
O que a Bíblia ensina sobre o que deve ser pregado nos púlpitos a respeito da nossa eleição em Cristo Jesus? Eleição confirmada através da chamada eficaz. Os que foram chamados “segundo a força do seu poder” (Ef.1:19) perseverarão até o fim, não pela sua própria força, mas devido a Cristo Jesus que está assentado a destra do Pai e intercede por nós. Isso é ensinado nos púlpitos atualmente? Não! Portanto, como disse Jesus a Nicodemos: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo.3:8). Isso significa que o homem não nasce da vontade da carne, mas do Espírito que sopra especificamente sobre os eleitos dando-lhes vida eterna. Se não for o poder de Deus que opere de forma milagrosa nos que estão mortos espiritualmente, eles não terão desejo de vir a Cristo para terem vida, posto estarem mortos nos seus delitos e pecados. Quando Jesus diz: “Eu vos dei vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef.2:1). Significa que não temos essa capacidade de nos mover nesse sentido (em direção a Deus). Não depende de você! “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm.9:16). Não tem para onde correr! Só os eleitos serão salvos .
Você percebe que ao ouvir as boas novas de salvação alguns crêem e a maioria rejeita? Será que essa rejeição é devido a liberdade de escolha que os arminianos pensam possuir? Decidindo entre a vida e a morte? Com toda a certeza, não! Calvino diz que o espantoso poder de Deus se manifesta quando somos trazidos da morte para a vida; éramos filhos do inferno, somos, portanto, transformados em filhos de Deus e herdeiros da vida eterna .
Outro comentário importante a respeito do poder de Cristo, que opera eficazmente nos eleitos, atraindo-os a Si, encontra-se no comentário de Efésios de John Stott que diz:

É em função da ressurreição de Cristo dentre os mortos e sua entronização sobre os poderes do mal que ele se tornou o cabeça da igreja. A ressurreição e a ascensão eram demonstrações decisivas do poder divino. Pois se há dois poderes que o homem não pode controlar, mas que pelo contrário, sobre ele exercem domínio, são a morte e o mal. O homem é mortal. Não pode evitar a morte. O homem está caído. Não pode vencer o mal. Deus em Cristo, porém, derrotou a morte e o mal e, portanto, pode nos salvar de ambos (2001: 34).

A salvação é exclusivamente obra de Deus, o homem não contribui com coisa alguma. Um morto não pode dar um passo para a vida a não ser que haja uma intervenção Divina, pois só Jesus, que venceu a morte e despojou todo principado e potestade, tem poder para nos salvar da morte eterna.
Alguém pode até pensar: “Ora! Se Deus é bom, com toda certeza, Sua Graça alcançará a todos, pois Deus não faz “acepção” de pessoas, a maioria, na verdade, não aceita porque resiste a Graça pelo seu livre-arbítrio.
Esse pensamento cai por terra quando consideramos uma premissa: “Segundo a eficácia da força do seu poder”. Se é pela força do Seu poder, que opera em nós, com a qual Cristo foi levantado dentre os mortos, quebrando as cadeias que nos prendiam ao pecado, como poderemos afirmar a resistência a Graça salvadora do nosso Deus? Resistir a vontade soberana do Senhor significa afirmar que o Seu poder é limitado a vontade humana. E a Bíblia é taxativa ao afirmar que ninguém resiste a vontade de Deus.
2.3 A Certeza de que o Chamado é para a Salvação.

Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou (Rm.8:29-30 – negrito nosso).

O chamado que o apóstolo usa freqüentemente não é aquele em que se pode decidir se deseja ir ou não. É realmente um chamado eficaz para a salvação . O texto de (Rm.8:29-30) esclarece muitas coisas principalmente a questão do “chamado eficaz” para a salvação. Notemos que há uma ordem que se fecha no cumprimento do propósito eterno de Deus que é a salvação do Seu povo. E o apóstolo começa afirmando que Deus conheceu, predestinou, chamou, justificou e glorificou. Aqui forma-se uma corrente inquebravel cujo final é a glorificação completa. Também, fica evidente que os eleitos, os quais Ele conheceu de antemão, não perdem a salvação; serão chamados eficazmente, no tempo determinado, porque foram predestinados, e porque foram predestinados terão a garantia da glorificação final.

Conheceu. (κλητοις = cleitois: chamado, convocado) .
Os arminianos interpretam essa passagem da seguinte forma: Deus conheceu de antemão aqueles que teriam fé em Cristo Jesus para a salvação. Assim sendo, baseado nessa fé desenvolvida pelo próprio homem, Ele decidiu predestinar para a vida eterna aqueles que iriam exercê-la. Todavia, as “Igrejas Protestantes” rejeitam essa interpretação, fruto das idéias humanistas, principalmente porque a fé é um dom de Deus e Ele dá a quem quiser. Não é o homem que produz a fé, é Deus:

[...] graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude [...] (2Pe.1:2-3);

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus (Ef.2:8);

Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele (Fl.1:29);

E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido (Jo.6:64).

Ao contrário do que os arminiamos pensam, o “conhecimento” de Deus ou sua “presciência” está relacionado com Seu decreto eterno a respeito da eleição da graça , ou seja, Ele previu o que faria na vida dos eleitos . Comentando o v.29 Calvino afirma:

[...] este conhecimento depende do beneplácito divino, visto que, ao adotar aqueles a quem ele quis, Deus não teve qualquer conhecimento antecipado das coisas fora de si mesmo, senão que destacou aqueles a quem propôs eleger (2001: 306).

Anthony Hoekema tem a mesma opinião ao afirmar que “o chamado é mencionado no mesmo fôlego que a eleição” (2002: 92). O pensamento de Calvino é extraordinário. Ele diz que o conhecimento prévio de Deus não é um mero conhecimento do que irá acontecer, como imaginam alguns neófitos, mas, significa a adoção pela qual os réprobos são distinguidos dos Seus eleitos .




CONCLUSÃO
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Como vimos, na Palavra de Deus, ninguém merecia a salvação. Todos pecaram e afastados estão da glória de Deus e o salário do pecado é a morte. Assim sendo o Deus eterno e santo mostra sua justiça punido o pecado no homem. Todavia, aprove a Ele não só mostrar o Seu poder nos vasos de desonra preparados para a perdição, como também mostrar Seu amor e misericórdia salvando alguns dentre a humanidade caída para o louvor da Sua glória.
Agindo assim, Ele não está sendo injusto para com os que são deixados nas suas próprias maldades. Pois, ninguém tinha o direito à salvação. Não foi por méritos de obras que os eleitos foram chamados à vida eterna, foi escolha daquele que chama segundo a Sua boa vontade.






















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, 1999.

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2001. 720p.

CALVINO, João. Romanos. São Paulo. Editora Parakletos, 2001. 534p.

GREGOR, Wright. R. K. Mc. A Soberania Banida: Redenção para a cultura pós-moderna. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 1998. 263p.

HENDRIKSEN, William. Romanos: Comentário do Novo Testamento. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2001. 704p.

HOEKEMA, Anthony. Salvos Pela Graça: A Doutrina Bíblica da Salvação. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2002. 285p.

JAMES, Kennedy D. Verdades que Transformam: doutrinas cristãs para sua vida de hoje. São Paulo. Editora Fiel, 2005. 296p.

LLOYD-JONES, Martyn. Salvos Desde a Eternidade. São Paulo. Editora PES, 2005. p.89. 208p.

OWEN, John. Por Quem Cristo Morreu. São Paulo. Editora PES, 1996.

OS CÂNONES DE DORTE. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 64p.

WILBUR, Gingrich F. / DANKER, Frederick W. LÉXICO do Novo Testamento: grego / português. São Paulo. Editora Vida Nova, 2007. 228p.

WESTMINSTER, Confissão de fé. Comentada por A. A. Hodge. Editora os Puritanos, 1999. 596p.



DO MESMO AUTOR:

 Apocalipse: As sete igrejas da Ásia. Uma interpretação histórica.

 Quem matou Allan Kardec?

 As Principais Festas Judaicas.

 Violência e Santidade no Antigo Testamento.

 Reencarnação ou Ressurreição quem está com a razão?

 Quando Surgiu a Doutrina da Reencarnação ?

 Usos e Costumes dos Judeus em Pernambuco.

 Soteriologia: As doutrinas da salvação.

 A Soberania de Deus e o Livre-Arbítrio.

 O Sermão do Monte e os Frutos do Espírito: Como viver uma vida de santidade.


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sábado, 8 de novembro de 2008

Pentecostalismo e Neopentecostalismo: Avivamento ou Apostasia?


Carlos R. Cavalcanti






Pentecostalismo
e
Neopentecostalismo

Avivamento ou Apostasia ?






2008





CAVALCANTI, Carlos R. Pentecostalismo e Neopentecostalismo: Avivamento ou apostasia? Recife. Editora CRC. 2008. 98p.
Conteúdo Histórico-Apologético. Todos os direitos reservados à Editora CRC. Podendo, portanto, ser usado trechos em citações de trabalho acadêmicos.

Gráfica e Editora CRC
Fones: (81) 9421.2595 / 8710.5364









ÍNDICE
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INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I
1.1 As Igrejas que surgiram da Reforma Protestante..........11

1.1.1 Benefícios da Reforma no campo religioso.........................14
1.1.1.1 A degradação religiosa na Igreja Romana...........................15
1.1.2 A teologia das igrejas Reformadas......................................17
1.1.2.1 As confissões doutrinárias...................................................19
1.1.2.2 Desvio doutrinário...............................................................27

CAPÍTULO II
2.1 O surgimento do Pentecostalismo.......................................33
2.1.1 Influência wesleyana de santidade.........................................41
2.1.2 Congregação Cristã no Brasil..............................................55
2.1.3 Assembléia de Deus..........................................................58
2.1.4 A segunda onda Pentecostal vai da década de 50 a 70.....61
2.1.4.1 Igreja do Evangelho Quadrangular..................................61
2.1.4.2 O Brasil para Cristo.........................................................63
2.1.4.3 Deus é Amor....................................................................73

CAPÍTULO III
3.1 O surgimento do Neopentecostalismo.........................75
3.1.1 A Igreja Universal do Reino de Deus.............................78
3.1.1.1 O culto da IURD.............................................................80
3.1.1.2 O mal visto por Edir Macedo..........................................85
3.1.2 Igreja Renascer em Cristo...............................................86
3.1.3 Igreja Sara nossa Terra....................................................88

CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BÍBLIOGRAFIA






INTRODUÇÃO
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O Movimento “Pentecostal” e o “Neopentecostal”, é considerado uma das mais populares e crescentes forças da cristandade nos nossos dias. As principais características doutrinárias desse movimento que provoca o crescimento dessas Igrejas é o “batismo do Espírito Santo”, “o dom de línguas”, “as profecias”, “o dom de curas e a ênfase na experiência pessoal”. Muito embora crescimento e popularidade sejam evidentemente desejáveis, eles não podem ser usados como um teste para aprovar práticas que a si mesmo, se consideram como verdadeiras, porque várias seitas heréticas (Testemunhas de Jeová, Mórmons e os Adventistas do Sétimo Dia) e falsas religiões também têm alcançado grande popularidade e crescimento usando os mesmos procedimentos. O movimento Pentecostal e Neopentecostal é um fenômeno do século vinte. Visto que suas práticas e ensinos são diferentes dos que os cristãos reformados têm ensinado, acreditamos ser sensato examinar esses ensinos à luz das Escrituras. Não estamos, portanto, dizendo que eles não são cristãos. Estaremos examinando suas práticas não porque temos algo pessoal contra eles, ao contrário, os amamos e queremos nos encontrar no céu. Devemos ser como os crentes de Beréia e analisar todas essas práticas à luz das Escrituras Sagradas.
Deus nos ordena a "julgar todas as coisas" (1Ts 5:21). Somos exortados a nos "apegar à palavra fiel" e a "convencer os que contradizem" (Tt 1:9). Assim, oferecemos este trabalho no espírito do amor cristão, amor por nossos irmãos, e acima de tudo, pela verdade de Deus. Ao examinarmos qualquer assunto, a pergunta mais importante é: "Que diz a Escritura" (Gl 4:30)?
Por que essa preocupação com a doutrina? A resposta está na Bíblia. Os apóstolos escreveram alguns livros da Bíblia para combater o ensino herético, que corrompia a palavra de Deus, o próprio Jesus combateu a doutrina dos fariseus porque era desprovida de amor e do conhecimento de Deus. Vejamos o que diz Mateus 16:12: “Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus”. Jesus estava preocupado com a doutrina que estava sendo ensinada ao povo. Em Marcos 7: 6-7 Ele acusa os religiosos da Sua época de ensinar doutrinas que são preceitos de homens. O que isso quer dizer? Ora! Eram doutrinas que foram desviadas dos seus propósitos originais, para beneficio próprio: “Respondeu-lhe: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens”. O apóstolo Paulo também estava bastante preocupado com as falsas doutrinas que surgiam a cada dia, porque contaminavam os crentes levando muitos a se desviarem do verdadeiro conhecimento de Deus:

“[...] para que não mais sejamos como meninos, agitado de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef.4:14).

Os pais da Igreja defenderam a fé contra o mundo e as heresias que surgiam dentro da própria Igreja: Justino o Mártir (100 – 165 d. C.), Irineu (130 – 200 d. C. anti-gnostico), Tertuliano (160 – 230 a. C.), Clemente de Alexandria (155 – 255 a. C.) foram alguns dos que se importou com a sã doutrina.




CAPÍTULO I
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1.1 As Igrejas que surgiram com a Reforma Protestante
Com a Reforma do século XVI, surgiram três ramos da fé protestante: o Luterano, o Reformado e o Anglicano. Os anabatistas que alguns historiadores e sociólogos da religião afirmam ser paralelo a Reforma, por alguns motivos trataremos separadamente.
Os Luteranos e Calvinistas concordavam com os principais pontos da Reforma. Porém, quando as idéias de Calvino se expandiram a partir de Genebra, algumas regiões Luteranas aderiram aos princípios doutrinários Calvinistas. Quanto aos Anglicanos, continuaram, apesar de haver rompido com a Igreja Romana, com a mesma liturgia. Surge, então, em virtude disso, um movimento, influenciado pelos Reformados Calvinistas conhecidos como “Puritanos” (Presbiterianos e Congregacionais discendentes da Igreja Anglicana), que lutam por reformas dentro da Igreja Estatal, principalmente pureza e simplicidade no culto:

Os puritanos entendiam que muitos “trapos do papado” continuavam na Igreja Anglicana e queriam purificá-la de acordo com a Bíblia, aceita por eles como regara infalível de fé e prática. Por isso receberam a alcunha de puritanos, por volta de 1568 (CAIRNS, 2000: 273)

Os anabatistas foram um dos vários movimentos que surgiu da insatisfação religiosa Católica na Europa central. Esses grupos eram conhecidos como cristãos zelosos, mais fanáticos do que zelosos. Vejamos o que Nichols tem a nos dizer:

Pode-se dizer que a doutrina fundamental dos anabatistas era uma concepção particular a respeito da Igreja. Esta, sustentavam eles, é uma comunidade de pessoas regeneradas, isto é, convertidas. Ninguém mais tinha a ver com a mesma. Decorria daí a crença deles de que os adultos, desde que somente estes poderiam experimentar a conversão. Os que se filiavam a essas sociedades eram batizados, pois o batismo que já tivessem recebido na infância era destituído de significado. Por causa dessa atitude, eles foram chamados de anabatistas, isto é, os que batizavam novamente. Em decorrência da idéia que tinham sobre a Igreja, não admitiam a existência de uma Igreja oficial, reconhecida pelo Estado. Uma Igreja sob o controle do poder civil, que podia ser ou deixar de ser cristão, diziam eles, não podia ser a verdadeira Igreja. Por essa razão, eles se separavam e não queriam qualquer aproximação com as igrejas reformadas, pois todas elas eram Igrejas reconhecidas pelo Estado (2004: 194)


Surgiram na Suíça devido a liberdade que existia nesse pais. Conrad Grebel (1498 – 1526) foi o fundador desse movimento. Eles deram origem aos Menonitas e aos Batistas. Em 1526, devido a heresia de querer rebatizar os que aderiam as suas fileiras, o conselho decidiu punir com a morte por afogamento todos quantos esposassem os princípios anabatistas .

1.1.1 Os Benefícios da Reforma no campo religioso
A Reforma foi a resposta de Deus a religião corrompida (a religião do medo) em que ela servia apenas para esconder a injustiça. “Por sua grande doutrina bíblica do sacerdócio de todos os cristãos, Lutero libertou os homens do temor e, libertos do medo, eles foram” (NICHOLS, 2004: 161).
A cristandade protestante e o mundo foram beneficiados com o novo modelo de Cristianismo Protestante Reformado. Toda corrupção que a Igreja havia acumulado durante muito tempo foi rejeitada pelos reformadores. O lema, agora, era a volta às Escrituras, uma vida de pureza e fidelidade a “Palavra de Deus” que havia sido banida da vida do povo. Martinho Lutero é um instrumento nas mãos de Deus para traduzir a Bíblia para o alemão e esclarecer o povo através da pregação da palavra.

1.1.1.1 A degradação religiosa na Igreja Romana
Outro grande motivo da depreciação da religião da “Igreja Romana” foi o ensino de uma forma adulterada do Cristianismo. Devido a toda corrupção, a igreja permitiu que o Evangelho fosse sendo substituído, pouco a pouco, conforme seus interesses egoístas, por uma nova forma de religião de ritos e sacramentos que autorgavam uma salvação mágica, como por exemplo: 1) Oração aos espíritos bondosos da Virgem e dos santos; 2) foi infundido no imaginário coletivo o medo dos maus espíritos; 3) as relíquias milagrosas eram vendidas, como “pedaços de cruz”; negociavam o perdão de pecados mediante indulgências e amedrontavam seus fiéis com o fogo do purgatório que criaram, prometendo, no entanto, aliviar essa situação com missas pagas. Papa Sixto IV.
O Vaticano com seus concílios alteram a doutrina cristã. Essas alterações foram consideradas dogmas, impedindo o clero de raciocinar, examinar e decidir entre o certo e o errado! Muitos dogmas são baseados em lendas e suposições, outros estão impregnados de crendices que rebaixam o nível do cristianismo original. A maioria foi criada com fins lucrativos, como é o caso da doutrina do Purgatório, 503 d.C. (a galinha dos ovos de ouro do Vaticano), Transubstanciação, 1215 d.C., o Celibato, 1074 d.C., a Infabilidade Papal, 1870 d.C., o Culto à Maria, 431 d.C., o uso da água benta, 830 d.C., canonização de santos, 933 d.C., outros conferem ao clero certa autoridade e influência social. Mesmo, antes da Reforma, diante de tal degradação, sempre ouve lideres e igrejas que não compactuavam com tais abusos e foram perseguidas pelo papa. Entre eles estão: os Albigenses, os Valdenses e os Anabatistas.



1.1.2 A teologia das igrejas Reformadas
A teologia forjada em todo conflito da Reforma tinha como estrutura a volta a Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Cristus, Soli Deo Gloria, que foram confirmados nos Concílios, Confissões de Fé e no “Sínodo de DORT” e etc. A Confissão de Fé Holandesa também seguiu os ensinamentos de Calvino, ensinamentos esses que enfatizam a soberania de Deus no sentido de que Ele planejou na eternidade tudo o que aconteceria para o louvor da Sua glória. As Igrejas que surgiram da Reforma Protestante em sua maioria eram Calvinistas.

• Vejamos o que afirma Paulo Anglada no seu livro o Calvinismo:
O termo empregado para identificar as doutrinas a que Spurgeon se refere não é tão apropriado. Não por não corresponder às doutrinas ensinadas por João Calvino, mas porque, na verdade, essas doutrinas não são subscritas apenas por ele. O calvinismo é a síntese das doutrinas ensinadas por João Calvino, que por sua vez, é a redescoberta da pregação apostólica do evangelho bíblico; e também é confessada na maioria das confissões de fé protestantes. O calvinismo, portanto, são as antigas doutrinas da graça. As confissões de fé das igrejas Luterana, Reformada, Presbiteriana, Anglicana, Congregacional e Batista professam, todas elas, pelo menos nas suas confissões de fé originais, o sistema doutrinário conhecido como calvinismo (2000: 2).

A doutrina Calvinista, portanto, tornou-se conhecida principalmente através dos cincos pontos: Depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça eficaz e perseverança dos santos, que foram uma resposta em defesa da doutrina bíblica contra os cinco pontos arminianos conhecidos como “Remosntrance”: Livre-arbítrio ou habilidade humana, eleição condicional, redenção universal, graça resistível e queda da graça, que bania a soberania de Deus e exaltava a autonomia humana. A limitação de Deus pela soberania humana O torna incapaz de satisfazer as necessidades de um mundo perdido e que esses dogmas foram fragmentando a ortodoxia até seu desaparecimento . O verdadeiro avivamento, hoje, seria a volta do arminianismo às Escrituras. Recuperar o que foi perdido. Fazer como os reformadores, ter responsabilidade com a Palavra de Deus, libertando-se das estruturas corruptas.

1.1.2.1 As confissões doutrinárias
As igrejas Reformadas elaboraram Confissões de fé, todavia, o pensamento em torno da soberania de Deus era unânime:

A teologia reformada, calvinista, dá ênfase à soberania de Deus, em virtude da qual Ele determinou soberanamente, desde toda a eternidade, tudo quanto há de suceder, e executa a Sua soberana vontade em Sua criação toda, natural e espiritual, de conformidade com o Seu plano predeterminado. Isso está em plena harmonia com Paulo, quando ele diz que Deus “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef.1:11) (BERKHOF, 2002: 95)

Os Cânones de Dort refletem o pensamento teológico Calvinista Reformado que vigorava unânime em toda Europa. Antes de citar alguns desses pensamentos, quero salientar que o Calvinismo não é algo novo, criado por Calvino, mas são antigas doutrinas da graça que há muito tinha sido abandonadas pela “Igreja Católica Romana”. Essa doutrina é a doutrina de Jesus Cristo, dos apóstolos, pregada por Agostinho, e resgatadas pelos Reformadores.
Vejamos os cinco pontos do Calvinismo composto entre (1618 – 1619) em que se expunha a doutrina Reformada que condenou a heresia arminiana:


1) Depravação total: Incapacidade total do homem
O homem, depois da Queda, teve sua natureza completamente corrompida pelo pecado, e nesse estado, morto espiritualmente, não responderá em nenhum grau no sentido de produzir frutos de salvação. Ele está separado de Deus e nada pode fazer para voltar, através da sua própria força, ao estado de santidade que possuía antes da pecar:

Portanto, todos os homens são concebidos em pecado e nascem como filhos da ira, incapazes de qualquer ação que os salve, inclinados para o mal, mortos no pecado e escravos do pecado. Sem a graça do Espírito Santo regenerador não desejam nem tampouco podem retornar a Deus, corrigir sua natureza corrompida ou ao menos estar dispostos a essa correção (DORT, 1618 – 1619: 35)

Citações Bíblicas: (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13).

2) Eleição incondicional: Decreto eterno de Deus
Todos pecaram e afastados foram da glória de Deus, estão condenados a morte eterna e Deus não tem obrigação de salvar ninguém, mas aprove a Ele salvar alguns segundo o beneplácito de Sua vontade, mostrando, assim, sua misericórdia aos pecadores eleitos para a salvação:

Deus nesta vida concede a fé a alguns enquanto não concede a outros. Isto procede do eterno decreto de Deus. Porque as Escrituras diz que Ele ...faz estas coisas conhecidas desde séculos... e que ...ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade... (At.15:18; Ef.1:11). De acordo com este decreto, Ele graciosamente quebranta os corações dos eleitos, por duros que sejam, e os inclina a crer. Pelo mesmo decreto, entretanto, segundo seu justo juízo, Ele deixa os não-eleitos em sua própria maldade e dureza de coração (DORT, 1618 – 1619: 18).

Citações bíblicas: (Ml 1:2-3; Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At 13:48; Rm 8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef 1:4-5; 2:8-10; 2Ts 2:13; 1Pe 2:8-9; Jd 1:4).

3) Expiação limitada: A eficácia da morte de Cristo
A expiação é limitada porque se Cristo houvesse morrido por todos e todos não fossem salvos, a morte expiatória de Jesus Cristo não teria sido eficaz. Quando a Bíblia usa a palavra todos ela está se referindo a todos os escolhidos, como por exemplo: muitas vezes quando Paulo e os apóstolos falavam “todos” eles estavam se dirigindo a uma determinada comunidade eclesiástica e não a todas as pessoas do mundo, em outras ocasiões todos significavam judeus e gentios. Vejam só, quando digo para minha congregação: “Quero que todo mundo esteja na igreja na próxima aula”, eu não estou me referindo a todas as pessoas do mundo, mas apenas a minha congregação.

Pois este foi o soberano Conselho, a vontade graciosa e o propósito de Deus, o Pai, que a eficácia vivificante e salvífica da preciosíssima morte de Seus Filho fosse estendida a todos os eleitos. Daria somente a eles a justificação pela fé e, por conseguinte os traria infalivelmente à salvação. Isto quer dizer que foi da vontade de Deus que Cristo, por meio do sangue na cruz (pelo qual Ele confirmou a nova aliança), todos aqueles e somente aqueles que foram escolhidos desde a eternidade para serem salvos e lhe foram dados pelo Pai. Deus quis também que Cristo os purificasse de todos os pecados por meio do seu sangue, tanto do pecado original como dos pecados atuais, que foram cometidos antes e depois de receberem a fé. E que Cristo os guardasse fielmente até o fim e finalmente os fizesse comparecer perante o próprio Pai em gloria, sem mácula, nem ruga (Ef.5:27) (DORT, 1618 – 1619: 3O, 31)

Citações bíblicas: (Jo 17:6,9,10; At 20:28; Ef 5:15; Tt 3:5).

4) Graça eficaz:
Embora o homem seja completamente depravado, inclinado para o mal, a graça de Deus o convencerá da justiça do pecado e do juízo. Pois quem resistirá a vontade de Deus? (cf. Rm.9:19b).

O homem não deixou, apesar da Queda, de ser homem dotado de intelecto e vontade; e o pecado, que tem penetrado em toda a raça humana, não privou o homem de sua natureza humana, mas trouxe sobre ele depravação e morte espiritual. Assim também a graça divina da regeneração não age sobre os homens como se fossem máquinas ou robôs, e não destrói a vontade e as suas propriedades, ou a coage violentamente. Mas a graça a faz reviver espiritualmente, traz-lhe a cura, corrige-a e a dobra de forma agradável e ao mesmo tempo poderosa. Como resultado, onde dominava rebelião e resistência da carne, agora, pelo Espírito, começa a prevalecer uma pronta e sincera obediência. Esta é a verdadeira renovação espiritual e liberdade da vontade. E se o admirável Autor de todo bem não agisse desse modo conosco, o homem não teria esperança de levantar-se da sua queda por meio de sua livre vontade, pela qual ele, quando ainda estava em pé, se lançou na perdição (DORT, 1618 – 1619: 40)

Citações bíblics: (Jr 3:3; 5:24; 24:7; Ez 11:19; 20; 36:26-27; 1Co 4:7; 2Co 5:17; Ef 1:19-20; Cl 2:13; Hb 12:2).

5) Perseverança dos santos: A certeza desta preservação
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp.1:6); “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cisto Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm.8:1, 2); se estamos mortos para o pecado, porque fomos vivificados pelo sangue de Cristo, como poderemos retroceder e cair do estado de graça em que nos encontramos sabendo que estamos seguros com Cristo e Sua destra nos protege (cf. Jo.10:25- 30).

Os crentes podem estar certos e estão certos dessa preservação dos eleitos para a salvação e da perseverança dos verdadeiros crentes na fé. Esta certeza ocorre de acordo com a medida de sua fé, pela qual eles crêem, com certeza, que são e permanecerão verdadeiros e vivos membros da Igreja, e que têm o perdão dos pecados e a vida eterna (DORT, 1618 – 1619: 49).

Citações bíblicas: (Is 54:10; Jo 6:51; Rm 5:8-10; 8:28-32, 34-39; 11:29; Fp 1:6; 2Ts 3:3; Hb 7:25).

Os cinco pontos que refutaram as doutrinas arminianas são conhecidos como “os cinco pontos do calvinismo”, por ter sido João Calvino um estudioso da Bíblia e tido a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus sem a corrupção que caracterizava o romanismo.


1.1.2.2 Desvio doutrinário
No auge da Reforma Protestante já surgem movimentos que se afastam da doutrina bíblica. Os anabatistas é um desses grupos que segue paralelo a Reforma, porém o mais significativo é o movimento liderado pelos seguidores de Jacobus Armínius teólogo holandês (1560 – 1609), nasceu em Oludewater, no sul da Holanda. Foi ordenado em 1588 e de 1603 a 1609 ensinou em Leiden. De formação Calvinista, revoltou-se contra alguns destes princípios teológicos Calvinistas que achava incompatível com a filosofia da época. Suas idéias ganharam popularidade por ser fácil, simples e paradoxal.
O que ele escreveu foi reunido e publicado, depois de sua morte, pelos seus seguidores em um panfleto, com cinco pontos, conhecidos como “Remonstrance” onde são expostos, com algumas alterações, seus pontos de vistas. A intenção era fazer uma mudança nas doutrinas de fé das Igrejas Reformadas na Holanda (países baixos) que só foi resolvido o impasse com o “Sínodo de Dort”:

Depois da morte de Armínio, em 1609, “A Remonstrância” (pleito, pedido). Com este manifesto, os arminianos tentarem ganhar a simpatia dos líderes da província mais poderosa, a Holanda. Eles declararam que uma revisão do catecismo e da confissão de fé era uma coisa normal, e certamente uma coisa permitida se o governo convocasse um sínodo nacional (DORT, 1618 – 1619: 9).

Os cinco pontos arminianos, que contradiziam a ortodoxia bíblica, foram tirados de um manuscrito de Armínio:

1) Livre-arbítrio ou capacidade humana
Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, pelo seu livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento.
Citações Bíblicas: (Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co 5:10)

2) Eleição condicional
Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a salvação e os predestino. A salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo; não é Deus quem escolhe o pecador. O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e ser salvo. Os que se perdem, perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram a graça auxiliadora de Deus.
Citações Bíblicas: (Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17).

3) Redenção Universal ou Expiação Geral
O sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem nEle, pelo seu livre-arbítrio, serão salvos.
Citações Bíblicas: (Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1Jo 2:2; 1Co 15:22; 1Tm 2:3-4; Hb 2:9; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2)

4) Graça resistível
Deus faz tudo o que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir aos apelos da graça. Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito não pode conceder vida. Portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. O homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação.

Citações Bíblicas: (Lc 18:23; 19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19)

5) Perda da salvação
Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo.

Citações Bíblicas: (Lc 21:36; Gl 5:4; Hb 6:6; 10:26-27; 2 Pe 2:20-22).

O resultado da controvérsia arminiana x calvinista no Sínodo de Dort foi a vitória das doutrinas defendidas nos cinco pontos sobre os remosntrantes em que seus defensores foram condenados e expulso da Holanda por seis anos.
Todavia, devido ao pensamento filosófico estóico, ao liberalismo, ao maniqueísmo, ao pelagianismo e o humanismo, os ensinamentos arminianos vêm ganhando nos últimos anos muitos adeptos em todo o mundo. Um dos grandes incentivadores dessa propagação é o espírito antropocêntrico. Esse foi o motivo da Queda: a auto-suficiência e o desejo de ser Deus (síndrome de Lúcifer).


























CAPÍTULO II
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2.1 O Surgimento do Pentecostalismo no Brasil
O Pentecostalismo no Brasil surge em Belém do Pará, no início do século XX, com os missionários suecos, naturalizados americanos, “Daniel Berg” e “Gumar Vingren” que fundaram a “Igreja Assembléia de Deus” em 1911 e “Luigi Francescon”, italiano valdense que era da Igreja Presbiteriana de Chicago; influenciado pelo Pentecostalismo funda em São Paulo a “Igreja Congregação Cristã no Brasil” (1910). Essa primeira fase que vai de 1950 – 1970 é conhecida, e foi utilizada por Paul Freston , pelo termo “onda”.
Conforme Monteiro , Berg e Gumar vieram para o Brasil abordo de um navio de terceira classe, chegaram a Belém do Pará, no dia 19 de novembro de 1910 e se hospedaram na Igreja Batista na rua João Balby. O Pastor da Igreja estava longe de saber que a Igreja seria dividida pela pregação herética dos missionários e que ali surgiria o maior fenômeno religioso de todos os tempos: o Pentecostalismo, com ênfase no batismo com o Espírito Santo como segunda obra da graça, o que contradiz claramente a ortodoxia cristã.
Mendonça tem a mesma opinião quanto a divisão, na Igreja Batista, provocado pelo fenômeno das línguas que os missionários trouxeram para Belém do Pará afirmando ser um novo derramar do Espírito Santo:

O Pentecostalimo no Brasil está ligado de modo direto ao movimento de Los Angeles. Um sueco de nome Daniel Berg, membro da Igreja de Durham, veio para o Brasil como missionário e, após provocar cisão numa igreja batista em Belém do Pará, fundou, junto com seu compatriota Gunnar Vingren, as Assembléias de Deus, em 1911 (MENDONÇA, 1990: p.47, 48)

O cisma , ocorrido na Igreja Batista em Belém do Pará pelos Missionários Daniel Berg e Gumar Vingen devido as práticas estranhas que os missionários trouxeram dos movimentos Pentecostais nos Estados Unidos da América, e que essas mesmas práticas já haviam sido barradas anteriormente pelo apóstolo Paulo em (1Co.12:3; 14:6, 9, 18, 19, 22, 27). Por acaso, foi obra do Espírito Santo de Deus? Não. Por quê? Porque o Espírito é uma promessa para todos quanto Deus chamar, e não para um grupo exclusivo de pessoas que se acham mais espirituais do que outros.
O que a Bíblia ensina, realmente, sobre o batismo com o Espírito Santo? Será que a maioria dos pastores estão comprometidos com as verdades bíblicas? Ou estão mais preocupados em agradar aos homens? Muitos dizem que o batismo com o Espírito Santo é uma segunda obra da graça, e vem acompanhado do falar em línguas estranhas. Isso estava acontecendo na Igreja de Corinto onde um grupo que falava em línguas, e por esse motivo se achava mais espiritual do que os outros irmãos. Porém, Paulo se dirige a eles como a carnais, meninos na fé. O apóstolo, para corrigir o erro doutrinário afirma que todos foram batizados no mesmo Espírito: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co.12:13).
Está claro, quem não for batizado com o Espírito Santo não é salvo, ou seja, não foi alcançado pela graça salvadora. O batismo é o penhor, o selo, a garantia segura da nossa salvação (cf. Ef.1:13-14; 4:30). Manuel Canuto confirma minha declaração:

Não existe a possibilidade de ser crente convertido, sem ter sido batizado com o Espírito, que realiza no homem sua justificação, os faz filhos adotivos, os santifica e os sela. Não existe crente que não tenha tudo isso (Revista. OS PURITANOS. Batismo com o Espírito Santo. Ano IX : nº. 04 : Outubro / Novembro / Dezembro: 2001. p.2).

O Pentecoste foi um acontecimento único. O Espírito foi derramado, conforme profecia de (Joel 2:28; Isaias 32:15), e permanece até hoje na igreja. Todos os que forem sendo incorporados ao corpo de Cristo, pela graça mediante a fé que vem pelo ouvir a Palavra de Deus, são batizados automaticamente. O batismo é uma promessa, e uma promessa não é algo que se vá buscar e lutar para conseguir, ao contrário é algo que acontece no tempo determinado tendo em vista que o Espírito Santo nos é outorgado, imputado (Rm.5:5), o que significa em última análise que Ele é derramado sem que possamos resistir a Sua operação miraculosa, diz as sagradas Escrituras.
A doutrina Pentecostal é de que o batismo com o Espírito Santo acontece depois da conversão, e se houver uma busca intensa. Esse batismo não ocorre com todos os crentes, segundo essa doutrina, apenas com os mais espirituais, e será acompanhado do falar em línguas estranhas a fim de que fique comprovado que houve, realmente, o batismo, o que é uma doutrina antibíblica.
A igreja pentecostal é composta dos que são, e dos que não são batizados com o Espírito Santo. Porém, a Bíblia diz que todos são batizados no mesmo Espírito, e nem todos falam em línguas (cf. 1Co.12;28-31) . Analisemos, pois, um texto muito importante que irar esclarecer muitas dúvidas: “No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja [...]”. O apóstolo Paulo não proibia, mas, doutrinou a igreja no sentido de eliminar tais práticas. Por quê? Primeiro, a igreja era composta de crentes vindo do judaísmo e do paganismo. As línguas que eles estavam falando em Corinto eram usadas nos templos pagãos. Ao entrar em estado de estase (nos templos pagãos) muitos falavam em línguas, que na verdade eram línguas de demônios. As pessoas que viam tudo aquilo ficavam fascinadas acreditando que eles estavam em contato com os deuses. Essas manifestações dava um certo destaque espiritual e muitos trouxeram para dentro da igreja essa bagagem cultural. Todavia, Paulo corrige a falha doutrinando-os de forma a eliminar aquelas manifestações que não trazia crescimento a igreja. Quando ele diz que fale um de cada vez e no máximo três e se tiver quem interprete, era por que não havia quem interpretasse.
Será que hoje não está da mesma forma, ou até pior? Quando entramos em uma igreja e vemos todos falando em línguas, que é o costume dos Pentecostais, será que Deus está operando ali? Será que é um mover do Espírito como afirmam alguns? Será que o Espírito Santo vai de encontro ao que está estabelecido na sagrada Palavra? Claro que não! Se a Bíblia diz que fale no máximo três e vemos todos falando ao mesmo tempo, com certeza, não é o Espírito Santo de Deus, pois Ele não vai de encontro ao que estar estabelecido na Palavra de Deus. Outros falam e não interpretam, é Deus que está operando? Não! E o que é tudo aquilo? São obras da carne como diz o apóstolo Paulo: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo” (1Co.3:1). O mais agravante, é que o Pentecostalismo dividiu o Corpo de Cristo, e quem faz isso é a heresia. Vejamos o que diz Tito 3:10: “Evita o homem faccioso , depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada” (negrito meu). Toda essa divisão que aconteceu na igreja devido ao movimento Pentecostal enquadra-se nesse versículo.

2.1.1 Influência wesleyana de santidade E.U.A.
O movimento Pentecostal teve sua influência nos movimentos de santidade (holiness), avivamentos ocorridos no início do século XX . O avivamento liderado por João Wesley e seu irmão Carlos no século XVIII, tinha como principais metas proclamar a doutrina da santificação total ainda nesta vida, experiência de Wesley, tendo a participação de pregadores leigos que ganharam o mundo, pregando, principalmente na América do Norte.
Os movimentos de avivamentos wesleyanos caracterizam-se, segundo o manual da Igreja do Nazareno 2001 – 2005, por três marcos históricos:
1. O primeiro: Surge no século XIX no Leste dos Estados Unidos de onde a doutrina de santidade cristã é espalhada no novo mundo. “Na América do Norte, a Igreja Metodista Episcopal foi organizada em 1784. O seu propósito declarado foi “reformar o Continente e espalhar a santidade escriturística sobre estas terras” (MANUAL NAZARENO, 2001 – 2005: 15).

As bases das doutrinas de “santificação total neste mundo” como afirmou Wesley é, para os Reformadores Calvinistas, um desvio da ortodoxia vigente e não está de acordo com as Escrituras. A obra de santificação, operada pelo Espírito, é progressiva. Portanto, a inteira santificação dar-se-á na glorificação, não neste mundo. Biblicamente, todos os que foram chamados segundo o propósito de Deus, são posicionalmente santos porque foram chamados para o uso exclusivo de Deus (cf. 1Pe.2:9). Esse desvio doutrinário de João Wesley foi motivo de muitos debates e controvérsias que ainda permanecem. Um dos problemas é que muitos crentes buscam a santificação total e se frustram, porque não a encontra e outros que pensam ter encontrado se frustram da mesma forma, porque descobrem com o tempo, que estão vivendo uma fantasia que não condiz com a realidade daquilo que foi ensinado. Todos os crentes de doutrina teológica Wesleyana vêem-se sempre praticando coisas que não condiz com a doutrina da inteira santificação. Quem é inteiramente santificado não peca mais. Por que então estas pessoas continuam a pecar e dizer que são inteiramente santificadas? A bíblia deixa bem claro: “[...] estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai Jesus Cristo, o Justo” (1Jo.2:1).
2. O segundo: O reavivamento de santidade se alastrou através da pregação de Charles F. Finney. Este se deu dentro dos círculos evangélicos em que as pessoas reagiam de forma como se a conversão estivesse acontecendo naquele momento. Para R.K. Mc Gregor Wright, “Finney inventa o reavivalismo” (1998: 36). Seu humanismo era pelagiano , porém, quanto a salvação era arminiano. Acreditava que o avivamento dava-se através de meios apropriados que induzia o homem a aceitar a Jesus Cristo como seu salvador pessoal e não através da ação do Espírito Santo como está escrito: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo.3:8).
Finney foi quem introduziu a prática do apelo e as pessoas que se rendiam a Cristo vinham à frente e através de oração confessavam seus pecados. Uma de suas frases: “Ontem à noite 60 pecadores sedentos levantaram-se e foram para o banco dos convertidos” (WRIGHT, 1998: 36). Wright afirma que com as introduções das novas práticas o avivamento passou a ser apenas números conseguidos através de propagandas e campanhas evangelísticas em que os convertidos vinham a Cristo, muitas vezes, pelo emocionalismo a que os ouvintes eram submetidos. Dessas reuniões de avivamento surgiam muitas igrejas de santidade independentes que se adequavam às novas realidades que surgiam a cada dia . Jonathan Edwards ao contrário de Finney falou a respeito de reavivamento como algo sobrenatural operado pelo Espírito Santo.

3. O terceiro: Em 1890, segundo o Manual do Nazareno 2001 – 2005, surge uma nova onda de grupos de santidade independente, estes com características Pentecostais, ou seja, dão ênfase as línguas estranhas.

Do ponto de vista teológico, o movimento pentecostal moderno tem sua origem no movimento de “santidade” que, por sua vez, deve muito ao conceito wesleyano de perfeição cristã como segunda obra da graça, distinta da justificação (MENDONÇA, 1990: 47).
A movimentação de pessoas reunindo-se e orando, por uma vida de santidade, por uma experiência mística com Deus surge de um desejo profundo por mudanças. Pois, segundo John Walker, o cenário religioso era em geral de apostasia e frieza (2002: 7). O mundo, segundo ele, havia afetado a igreja de tal forma que não era possível distinguir o profano do sagrado. Essa citação mostra o cenário que ele pinta da sociedade protestante americana:

O protestantismo Americano era rico, culto e influente, mas, com exceção de uns poucos grupos conservadores, seu estado espiritual era de decadência. Imperavam o liberalismo, o formalismo, o mundanismo, o profissionalismo ministerial, a consciência de classe, a ausência de experiência com Deus etc. (WALKER, 2002: 7).

A igreja é um organismo vivo, é um instrumento nas mãos de Deus, é luz e sal da terra que caminha em um mundo pecaminoso deixando marcas positivas. Todavia, é profético que a igreja nos últimos tempos enfrentará uma grande apostasia (2Ts.2:3) . É importante também salientar, que enquanto a igreja de Cristo estiver aqui na terra, sofrerá ataques do mundo, no sentido de que ela assimilará elementos dessa cultura. Por isso têm igrejas que parecem estar vivas, mas, estão mortas (Ap.3:1b) . O culto Pentecostal tinha cara de avivado, porém estava morto. Ele tomou o rumo contrário ao seguido pelos reformadores. Se estava havendo uma apostasia, com o Pentecostalismo ela aumentou. Por quê? Porque houve uma divisão do corpo de Cristo. Era para ser uma volta a pureza do Evangelho como aconteceu na Reforma: um resgate da teologia que havia sido corrompida nos vários Concílios.
O Pentecostalismo nega a suficiência das Escrituras porque estão à procura de algo mais, que possa preencher suas necessidades espirituais. John MacArthur escreveu algo importante sobre esse assunto. Ele dá um exemplo de dois irmãos que receberam uma herança e ficaram muito ricos, mas, ao invés de usufruir a herança eles se isolaram do mundo e começaram a colecionar todo tipo de porcaria que encontravam, porque achavam que poderia se útil algum dia. Eles morreram nos detritos que chegou a 140 toneladas de lixo. Tinham uma herança, mais não souberam aproveitar:

Muitos crentes vivem a vida cristã dessa mesma forma. Desprezando as abundantes riquezas de uma herança que não se corrompe (1Pe.1:4), eles exploram minuciosamente os escombros da sabedoria humana, colecionando lixo. Como se as riquezas da graça de DEUS (Ef. 1:7) não lhes bastassem, como se “todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” (2Pe. 1:3) não fossem suficientes, eles procuram complementar os recursos que, em Cristo, lhes pertencem. Gastam a vida toda acumulando, inutilmente, experiências emocionais, novos ensinos, orientações de gurus espertalhões ou qualquer coisa mais que possam acrescentar à sua coletânea de experiências espirituais (2001: 32, 33).


Azusa Street
Aqueles que nascem de Deus, procuram o verdadeiro alimento que está contido na Palavra de Deus para o seu crescimento espiritual (cf. 2Pe.2:2). Não vai atrás de experiências que “a” ou “b” tiveram. A sua experiência pode não ser a minha. A mística não condiz com a realidade. Alguns crentes na igreja de Colossos estavam sendo intimidados por pessoas que alegavam ter um conhecimento mais profundo a respeito das coisas espirituais, além daquela que só cristo pode conceder:

Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Trata-se de alguém que não está unido à Cabeça, a partir da qual todo o corpo, sustentado e unido por seus ligamentos e juntas, efetua o crescimento dado por Deus (Cl.2:18-19 - NVI).

As pessoas que iniciaram o movimento Pentecostal e Neopentecostal eram leigas em assuntos teológicos. Até hoje há uma resistência ao estudo, muitos acreditam que não precisam se preparar e dizem que a “letra mata”, que o “Espírito Santo nos ensina todas as coisas”, para sustentar o relaxamento com o estudo da Palavra de Deus.
William H. Durham era pastor batista com idéias wesleyanas. Carente da Palavra de Deus vai para Los Angeles influenciado pelas notícias de que a “Igreja Missão de Fé Apostólica”, localizada na Rua Azusa Street, 312 estava realizando um grande movimento de avivamento, e no dia 2 de maio de 1906 afirma ter recebido o batismo com o Espírito Santo. Outro foco de propagação do Pentecostalismo, que incendeia ainda mais o movimento da Azusa Street, foi a “Escola Bíblica de Topeka”, EUA, onde era defendida por Charles Pahram a idéia de que falar em línguas era a evidência do batismo com o Espírito Santo.
Outro grande defensor das idéias Pentecostais foi o pregador W. J. Seymour , foi expulso da Igreja da evangelista Nelly Terry, em Los Angeles, EUA, ao pregar em (At.2:4) e afirmar em sua exposição que Deus tem uma terceira bênção além da santificação que é o batismo com o Espírito Santo .
“Seymour começou a promover reuniões nas casas dos irmãos, que foram atraídos pelas manifestações, e no dia 6 de abril de 1906, numa dessas reuniões, um menino de oito anos falou em línguas, seguido de outras pessoas. Iniciava-se assim, pelo menos formalmente, o movimento pentecostal” nos Estados Unidos da América.
Analisemos, pois, como a falta de conhecimento da Palavra de Deus leva o povo à morte! A Confissão Belga, Reformada, afirma no seu artigo 2 que Deus se revela através da Sua Palavra: “Segundo: Deus se fez conhecer, ainda mais clara e plenamente, por sua sagrada e divina Palavra , isto é, tanto quanto nos é necessário nesta vida, para sua glória e para a salvação dos que Lhe pertencem”. A Confissão de fé de Westminster Cap. I sobre as Sagradas Escrituras, seção I, tem o mesmo ponto de vista da Confissão Belga:

[...] portanto aprouve ao Senhor, em diversos tempos e diferentes formas, revelar-se à sua Igreja e declarar aquela sua vontade . E depois, para melhor preservar e propagar a verdade, e para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e a malícia de Satanás e do mundo, entregou a mesma para que fosse plenamente escrita . Isso torna a Sagrada Escritura totalmente indispensável , tendo então cessado aquelas antigas formas de Deus revelar sua vontade a seu povo .

Como vimos, nessas duais Confissões, a Bíblia é suficiente para a nossa salvação. Não é preciso sair atrás de movimentos, nem de manifestações de poder, porque o Espírito que nos regenerou e está sobre nós, povo eleito de Deus, nos capacitando, pois somos guiados por Ele para uma vida de santidade e obediência (cf. 1Pe.1:2) . Todavia, Durham precisou de algo mais, estava à procura de uma experiência mística que desse sentido a sua religiosidade. João 17: 3 afirma categoricamente que a salvação é o conhecimento de Deus e de Jesus Cristo a quem Ele enviou. Isso é o que dá sentido a nossa vida, buscar esse conhecimento é algo que os salvos anelam e procuram constantemente. Falar em línguas estranhas gera conhecimento? O apóstolo Paulo diz que não:

Agora, porém, irmãos, se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei, se vos não falar por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia ou doutrina? (1Co.14:6). Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua (1Co.14:19).

Gritos entéricos dentro da Igreja ou em qualquer outro lugar geram conhecimento? Também, não! Portanto, o avivamento da Azusa Street tomou o rumo contrário, posto que o verdadeiro avivamento é uma volta às Escrituras.
Poul Freston divide os vários movimentos Pentecostais que ocorreram no Brasil em “três ondas”, da seguinte forma: a primeira onda tem seu início na década de 50 com as Igrejas “Congregação Cristã no Brasil” e “Assembléia de Deus”.

2.1.2 Congregação Cristã no Brasil (1910)
A Congregação Cristã no Brasil (CCB) foi fundada por Louis Francescon, um italiano naturalizado americano, nascido a 29 de março de 1866 em Nuovo. Era filiado a Igreja Presbiteriana na qual chegou a ancião (presbítero). Porém, converteu-se ao Pentecostalismo. Monteiro, sobre a apostasia de Francescon, nos traz uma excelente contribuição:

Lois Francescon converteu-se ao pentecostalismo em fins de abril de 1907, passando a freqüentar a missão do reverendo W.H. Durham, na North Avenue, em Chicago, e lá, a 25 de agosto do mesmo ano, recebeu o batismo com o Espírito Santo, expressando-se pela primeira vez em línguas que jamais havia ouvido (1989: 84)

E segue, segundo uma revelação, para outros países a fim de propagar a nova religião. Vejamos o que diz Monteiro a esse respeito:

A partir de março de 1908, obedecendo ao que chamou determinação divina, abandonou por completo os afazeres habituais para dedicar-se exclusivamente à religião, não obstante fosse pobre e ainda tivesse mulher e seis filhos menores para prover a subsistência. Mesmo assim, seguiu o seu destino (1989: 84)

No dia 20 de junho, Francescon funda em São Paulo, no Brás, com o apoio de dissidentes presbiterianos e batistas , a Igreja Pentecostal CCB segundo o modelo congregacional americano. A igreja, como podemos ver, foi fundada por um leigo sem conhecimento teológico, influenciado pelo movimento Pentecostal dispensacionalista com ênfase em uma interpretação literal.
Baseado em alguns versículos, como: “Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer” (Lc.12:12) e “[...] porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2Co.3:6), dizem que não precisam de outra luz. Esses textos são o suficiente para a CCB se oporem a qualquer tipo de publicação. Mendonça diz que é uma comunidade de cultura oral; “[...] não publica nada, a não ser seu relatório anual. Também não recomenda a leitura de nenhuma literatura religiosa a não ser a Bíblia” (1990: 50). Monteiro também afirma que eles não possuem jornais para publicar suas doutrinas, nem literatura religiosa (1989). Sua membresia é predominantemente constituída de pobres que são atraídos pelo amável acolhimento e promessa de ascenderem socialmente. Há uma grande liberdade nessa igreja que difere das outras Pentecostais por não ter uma doutrina que a caracterize definindo-a quem realmente ela é. Os crentes dessa igreja não estão sujeitos a nenhuma disciplina, a não ser por causa de adultério. Um Pastor do Centro Apologético Cristão de Pesquisa, João Flavio Martinez afirma que o proselitismo agressivo da CCB com os outros evangélicos é herança Presbiteriana. Isso não é verdade, tendo em vista que os Presbiterianos, por serem calvinistas, não praticam os longos apelos para que os visitantes decidam aceitar a Jesus ou não: “A Congregação Cristã no Brasil crê na predestinação e por isso não faz campanhas evangelísticas nem apelos à conversão” (MENDONÇA, 1990: 49). O proselitismo agressivo é uma característica da Assembléia de Deus.
A CCB usa o véu baseando-se em (1Co.11:1-16). Não existe um ministério pastoral, eles dizem que o único pastor é Jesus, por outro lado, mantêm um grupo de anciãos sem ser remunerados. Ela é uma das igrejas Pentecostais que experimentou um grande crescimento. “Até 1986, totalizavam 1.015.619 crentes”

2.1.3 Assembléia de Deus (1911)
Mendonça afirma que a Assembléia de Deus é a mais numerosa “[...] contaria com 13 milhões de adeptos e 52mil casas de oração, assistidos por 10mil e 500 pastores e assemelhados. Isto em números redondos” (1989: 75). Migraram do Norte para o Nordeste e depois para o Sul. Só em 1927 chegaram a São Paulo. Ela, como todas as Igrejas Pentecostais, era composta de operários de baixa renda. Com o passar do tempo, nos centros urbanos, a igreja abriu as portas, ou seja, investiu na classe média um pouco intelectualizada e exigente, isso acarretou várias mudanças nos seus usos e costumes. Ou muda ou perde a membresia. Vejamos o que declara Mendonça a esse respeito:

Há informação de que nas Assembléias de Deus começam a se verificar conflitos entre conservadores e alguns segmentos tendentes a modificar costumes tradicionais pentecostais e, em particular das Assembléias, com referência às vestes, principalmente das mulheres, ao uso da televisão, rádio, cinema etc. A ascensão social e o acesso à instrução acabam atingindo seriamente os pentecostais (1990: 51)

A Assembléia de Deus é, conforme Mendonça, de “teologia arminiano-wesleyana e eclesiologia batista” (1990: 48). Só que essa doutrina, arminiano-wesleyana, na AD sofre depreciações da mesma forma que aconteceu com a Igreja do Nazareno. Sua doutrina é arminiano-wesleyano, porém, com muitas mudanças. Na verdade, existe uma ortodoxia cristã que vem sendo adulterada a cada dia. Diga-se de passagem, quem éramos quando a doutrina bíblica da Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Cristus, Soli Deo Gloria foi resgatada na Reforma Protestante, e quem somos agora com uma doutrina corrompida nos EUA e enviada para os países de terceiro mundo?
No Brasil, o Pentecostalismo encontra terreno fértil nas camadas mais desprovidas da sociedade. Eles são atraídos pelos discursos sensacionalistas e manifestações milagrosas. Todavia, esse crescimento pode até estimular a visão de muita gente, mas Deus não se deixa impressionar. Se Deus desse a importância, como nós damos, aos números, a porta que conduz a salvação seria muito maior do que a que conduz ao inferno: “Respondeu-lhe: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc.13:24);

Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela (Mt.7:13, 14).


2.1.4 A segunda onda Pentecostal vai da década de 50 a 70.
Muitas igrejas surgem nessa época, porém, as mais significativas são a do “Evangelho Quadrangular”, “Brasil para Cristo” e “Deus é Amor”.

2.1.4.1 A Igreja do Evangelho Quadrangular
A igreja recebeu este nome em 1922, em Oakland, Califórnia, inspirado, segundo Ainee Semple McPherson, na visão que tivera durante uma pregação de Ezequiel de quatro querubins com quatro rostos simbolizando os quatro ângulos do ministério de Jesus Cristo: o salvador, o batizador com o Espírito Santo, o grande médico e o rei que há de voltar. Antes, chamava-se “Igreja do Avivamento Contínuo”.
A Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil foi fundada pelo missionário americano “Harold Williams” em São João da Boa Vista no ano de 1951. A igreja multiplicou-se rapidamente no país e no dia 08 de abril de 1968, inaugura o templo-sede na “Praça Olavo Bilac”, em São Paulo. Conforme o comentário de Mendonça, a igreja havia alcançado patamares de crescimento incrível:

Em 1966, segundo Read e Ineson, a soma das parcelas atribuídas à Igreja Quadrangular e à Cruzada totalizavam 24.493 fiéis, 171 Igrejas e congregações satélites, e um crescimento de 35,5%, atribuído à Cruzada, e de 20,1% à Igreja (1990: 53).

Mendonça acrescenta que a Igreja do Evangelho Quadrangular, eclesiasticamente, assemelha-se à Igreja Metodista do Brasil ao se dividir administrativamente em regiões e distritos eclesiásticos (1990:53). Ela era subordinada à “International Church of the Foursquare Gospel”. A esfera de decisão das questões de relevância doutrinária ou administrativa está em Los Angelis, essa hierarquia rígida torna a dependência completa. Por isso, a supervisão dos trabalhos de evangelização é de um caráter fiscalizador permanente.

2.1.4.2 O Brasil para Cristo
Essa Igreja foi fundada pelo missionário Manuel de Mello em 1956, dissidente da Assembléia de Deus e depois do movimento de cura divina promovido pela Cruzada Nacional de Evangelização. Manoel de Mello fez sua Igreja crescer bastante nas primeiras décadas, diferente das outras Igrejas Tradicionais e Pentecostais. Envolveu-se na vida política elegendo representantes no legislativo. Filiou-se à “Confederação Evangélica do Brasil” e ao “Conselho Mundial de Igrejas”. Manteve intenso relacionamento com as igrejas tradicionais. Conforme Mendonça a igreja contava em 1966 com 93.096 fiéis, distribuídos em 359 Igrejas e congregações satélites, com uma taxa de crescimento de 14,3%. Na cidade de São Paulo tem um templo com capacidade para cerca de 15 mil pessoas.

Fragmentação nas Seitas
Dois missionários sem conhecimento teológico fazem um racha na Igreja Batista em Belém do Pará e funda uma Igreja Pentecostal que mais tarde se chamaria “Assembléia de Deus”. Um membro dessa igreja que já era um racha, Manuel de Mello, funda sua própria igreja sem conhecimento adequado para isso. Por sua vez, começa a surgir milhares de igrejas conhecidas como Igrejas (agências) de curas divina. Com o surgimento dessas igrejas, novas heresias tomam conta do cenário religioso. O que escreveu Mendonça sobre essas agências:

A cura divina como tal, isto é, como objetivo único de um grupo ou de um líder carismático, não constitui Igreja, mas “movimento”. Os líderes carismáticos de cura divina estabelecem balcões de oferta de bens de religião a uma clientela flutuante e descompromissada na qual a relação do fiel com o sagrado ocorre na base do “dar para receber” A prática dos grupos de cura divina avizinha-se das práticas de magia, e como afirmou Emile Durkheim, não há Igreja mágica embora alguns desses grupos mantenham seu discurso nos parâmetros da fé cristã, sua prática às vezes se afasta dela, enquanto outros apresentam discurso e prática quase irreconhecíveis do ponto de vista do cristianismo (MENDONÇA, 1990: 54).

Geralmente os grandes movimentos de cura divina têm como líder um fanático que encontra ambiente adequado nas fragilidades dos fiéis. Passaremos a analisar como algumas personalidades se comportavam ao receber o poder de cura que afirmavam ser Deus o doador dessa dádiva. Falo assim, devido a um alerta que as Escrituras faz nesse sentido, quando afirma que: “[...] porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt.24:24 – negrito meu). “Se possível” até os eleitos. Porém, eles serão guardados, fazem parte dos 70000 que não dobraram os joelhos a Baal (cf. Rm.11:1-5).

Alguns líderes do Movimento de Cura Divina
Um jovem do Canadá conhecido como Branham liderou uma campanha influenciando outras pessoas a buscarem o avivamento conhecido como “Chuva Serôdia”. Sua primeira experiência com Deus, segundo (WALKER, 2002: 33) foi aos sete anos quando ele estava irado com sua mãe. Parou debaixo de uma arvore para descansar, e ali ouviu um som de um vento que soprava de forma que chamou sua atenção. De repente ele afirma ter ouvido uma voz que dizia: “Nunca beba, fume, ou contamine seu corpo de maneira alguma, pois eu tenho uma obra para você fazer quando ficar mais velho”. Essa voz, ele afirma ter ouvido várias vezes. O interessante é que essa experiência é parecidíssima com a de Josef Smith.
Com o passar do tempo, já com 21 anos conta-se que ele foi envenenado com gás quando trabalhava. No leito de morte, mesmo sem nunca ter bebido, fumado ou praticado algo que desabonasse a sua conduta sabia que não estava preparado para se encontrar com Deus:
Ouvi aquela mesma voz que disse: ‘Nunca beba ou fume’. Mas desta vez a voz dizia: ‘Eu chamei você e você não foi’. As palavras se repetiram três vezes. Então eu disse: ‘Senhor, se é você, deixe-me voltar novamente para a terra e eu pregarei seu evangelho dos eirado, ruas e esquinas. Eu falarei a todo mundo sobre isto!’ (WALKER, 2002: 34).

Nesta citação notamos claramente a ação de Satanás enganando o jovem inexperiente Branham. Ele vem como anjo de luz, com a maior sutileza e enganaria, se possível, até mesmo os eleitos de Deus. “Eu chamei você e você não foi”. A Bíblia diz que ninguém jamais resistiu a Sua vontade (cf. Rm.9:19). Jesus, quando chamou os discípulos, eles vieram, ninguém resistiu, nem se perdeu, exceto o filho da perdição que havia sido destinado a esse fim, cumprir os propósitos de Deus (cf. Jo.17:12). Paulo de Tarso foi chamado e não resistiu a vontade de Senhor. Efésios 3:20, o apóstolo Paulo afirma que fomos salvos pelo poder de Deus que opera em nós. Porém, esse jovem enganado por Satanás diz que a vontade de Deus não se realizou e Seus planos foram frustrados na medida em que a vontade de Deus foi resistida, prevalecendo a de Braham. A Bíblia de uma forma geral nos diz que Deus cumprirá todo Seu propósito. Portanto, essa visão foi maligna, e muitos que seguiram esse falso profeta foram também enganados.
Depois desse episódio, ele começou novamente a buscar a Deus e procurava locais escondidos para orar e meditar, como por exemplo: barracas abandonadas. E foi em uma dessas que ele viu uma luz entrar na barraca em forma de cruz conforme afirma (Walker, 2002). Nesse dia uma voz lhe falou em linguagem ininteligível. Por esse motivo ele entendeu que deveria fazer a vontade de Deus e pregar o Evangelho. Tornou-se pregador e fundou uma igreja que prosperou muito. Crescimento sem sustentabilidade, sem o conhecimento da Palavra de Deus, e a igreja que foi construída sobre a areia desmoronou, sua esposa e filha morreram em uma enchente, todavia, naquela noite ele disse que foi visitado em sonho por Deus e recebeu poder para prosseguir (WALLER, 2002:35).
Em 1946, ele afirma ter recebido a visita de um anjo que confirmou seu ministério de cura:

Uma luz se espalhou pela cabana e ele viu uma grande estrela como uma bola de fogo derramando luz sobre o chão. Aterrorizado, ouviu passos e, vindo em sua direção através da luz, os pés de um homem. “Ele tinha um rosto liso, sem barba, cabelos pretos até os ombros, uma com feição mais para escura, um semblante muito agradável. Chegando mais perto seus olhos fixaram os meus. Vê no quão aterrorizado eu estava, ele começou a falar: ‘Não temas. Fui enviado da presença de Deus Todo-Poderoso para lhe dizer que sua vida peculiar e seus caminhos mal-entendidos têm sido para indicar que Deus tem enviado você para levar um dom de cura divina para as pessoas do mundo. Se você for sincero e levar as pessoas a crer em você, nada resistirá diante de sua oração, nem mesmo câncer’” (WALKER, 2002:35).

A partir dessa revelação, William Branham começou a realizar muitos milagres de cura, e sua fama foi logo propagada. Nas suas reuniões de cura, milhares de pessoas vinham ouvi-lo, interessados pelo que estava sendo realizado pelo evangelista. O incrível é que o método que ele estava usando era utilizado pelos médiuns: “Com sua mão esquerda discerniria ou detectaria as doenças das pessoas. Ele leria pensamentos e fatos da vida passada das pessoas” . Nas suas reuniões muitas vezes era um anjo que ministrava a cura . Ele usava métodos de adivinhação da cultura pagã: “[...] falava detalhes da vida de desconhecidos (nome, endereço, fatos passados, doenças etc)” . Para enganar ainda mais, um fotógrafo profissional ao revelar uma foto dele ficou surpreso porque sobre sua cabeça havia uma auréola de luz . Todavia, a máscara do santarrão caiu, e de profeta de Deus, como se auto-entitulou, passou a anticristo. Vejamos o que nos relata WALKER:

[...] ele mesmo é o mensageiro que introduzirá a segunda vinda de Cristo. Assim como João Batista veio no espírito de Elias para anunciar a primeira vinda, do mesmo modo William Branham seria o profeta do século XX. Ele chegou a predizer que a “Segunda Vinda de Cristo” ocorreria em 1977” .

Predizer quando será a Segunda Vinda de Cristo é outro grande sinal de um falso profeta.
A conclusão de John Walker é bastante interessante, pois ele afirma que depois da morte de Branham surgiu uma seita que afirmava que ele iria ressuscitar dos mortos, mesmo sem acontecer a ressurreição seus seguidores continuaram a idolatrá-lo .
Diante de todos esses acontecimentos, Deus é soberano para agir da forma que lhe apraz. Em Isaías 46: 9- 11 fica esclarecido quem Ele é:

Eu sou Deus, e não há nenhum outro, eu sou Deus, e não na nenhum como eu. Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: ‘Meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo o que me agrada.

Deus cura e continuará curando; em momento algum tivemos a intenção de querer afirmar que Deus deixou de agir, porém, o que aconteceu foi algo que enaltecia a carne, os sinais de maravilhas que os falsos profetas irão demonstrar estão incluídos os de cura. Os magos no Egito fizeram milagres diante do povo , mas, foi pelo espírito de belzebu. Eles foram desmascarados, bem como todos os deuses do Egito. O Diabo engana através das curas, e o que encontramos atualmente nas igrejas de cura divina são verdadeiros rituais de pajelança.
O importante é o conhecimento da Palavra de Deus. A igreja de Filadélfia tinha pouca força, porém, havia guardado a Palavra de Deus e não negado o Seu nome. Em virtude dessa perseverança o Senhor tem uma promessa para esses crentes: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra” (Ap.3:10 – negrito meu). O texto não diz: Porque guardastes o dom de cura, ou de expulsar Demônios, muito menos de falar em línguas estranhas, Ele nos guardará da provação que há de vir sobre o mundo inteiro. Porém, Ele diz: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança eu vos guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro”. A provação nesse texto refere-se ao julgamento final, e só os que guardaram a Palavra de Deus e não negaram o Seu nome serão guardados naquele dia, o dia da Ira de Deus, do Seu julgamento final, o dia em que o joio será lançado no fogo. Você está preparado para esse grande dia em que os salvos serão recebidos com grande alegria no seio de Abraão? E os falsos profetas dirão naquele grande dia ao “Filho do Homem” que está assentado no trono:

[...] naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt.7:22-23).

Esse é o preço dos que rejeitam a lei de Deus pela glória efêmera desse mundo que irá passar com toda sua concupiscência.

2.1.4.3 Deus é Amor
A Igreja Pentecostal Deus é Amor, fundada por David Miranda, se espalhou, no início, por diversas áreas da periferia de São Paulo; atualmente encontra-se em todos os Estados Brasileiros. Seu público, ainda hoje, é a massa carente, despreparada, que luta por sobrevivência, saúde e emprego. Seu proselitismo exacerbado atrai os aflitos de todas as religiões sem exigir das pessoas nem um compromisso a não ser parte das graças recebidas que são os dízimos e as ofertas. “Na cura divina a graça é fim, e não percurso, como nas Igrejas Pentecostais” (MENDONÇA, 1990: 54). Mendonça considera essa igreja como um movimento. Sua população ainda é descompromissada. Todavia, tem um papel, bem como as Pentecostais, bastante importante diz Mendonça:

Sem entrar em valores religiosos, o Pentecostalismo e o movimento de cura divina exercem papel social importante, promovendo a catarse dos conflitos do cotidiano que desabam sobre a classe trabalhadora pobre e periférica dos grandes centros urbanos e das áreas camponesas de trabalhadores assalariados (1990: 55).





































CAPÍTULO III
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3.1 O surgimento do Neopentecostalismo
O Neopentecostalismo, também conhecido dentro do movimento Pentecostal como terceira onda, tem seus maiores representantes na “Igreja Universal do Reino de Deus”, “Igreja Internacional da Graça”, “Renascer em Cristo” e “Sara a Nossa Terra”.
O surgimento e crescimento dessas igrejas estão relacionados, também, com a situação econômica, social, política e cultural do Brasil no século XX. Devido ao grande desenvolvimento econômico, tardio, mas, acelerado e descontrolado. Passos nos mostra que em pouco tempo passamos de rural para urbano inchando as cidades (2005), as igrejas que surgem, nesse contexto social, crescem numericamente, porém, sem qualidade; não existe conhecimento da palavra de Deus. Um exército assim, despreparado, sem testemunho positivo para impactar o mundo, que não maneja bem a “Palavra da Verdade”, só pode crescer através de uma palavra falsificada que não desagrade ao mundo. Quando a Verdade é proclamada com fidelidade só crêem os que forem destinados a salvação . A verdadeira conversão é acompanhada de mudança de vida, somos salvos para sermos transformados na imagem do Filho de Deus . No Pentecostalismo e no Neopentecostalismo o emocionalismo e as experiências de cada um são confundidos com uma vida de santidade. A Bíblia diz que o crescimento na santificação vem através do conhecimento da Palavra de Deus. O Espírito Santo aplica a Palavra em nossos corações gerando um desejo de buscarmos esse alimento espiritual.

O Êxodo Rural
A população do campo, em busca de trabalho nos grandes centros urbanos, “trazem consigo a religiosidade católica popular que vai se adaptando ao novo contexto das grandes cidades, onde terão de refazer as dinâmicas de socialização e as suas representações religiosas” (PASSOS, 2005: 55). O imigrante procura, por necessidade de sobrevivência, adequar-se as novas realidades. Incorpora os novos símbolos da religião de mercado o que não lhe é estranho. O Neopentecostalismo surge nesse cenário, com a teologia da prosperidade, trazendo a resposta eficaz às novas necessidades. Passos comenta que: O “capitalismo selvagem parece ser proporcional a um sagrado selvagem” (2005:55). Na verdade, uma prosperidade que exclui a maioria não vem de Deus, é antibíblica e gera idolatria.
A sã doutrina, nessa conjuntura religiosa mística, vem sendo esquecida com o passar do tempo. Atualmente novos elementos estão sendo sincretizados do paganismo para que dessa forma as necessidades do povo sejam respondidas. É justamente isso que o mundo quer, uma religião que não denuncie o pecado, que se conforme com as injustiças, que não haja mais fronteiras claras com o mundo. O apóstolo Pedro é bastante taxativo quando afirma:

Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade [...] (2Pe.2:1-2).


3.1.1 A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
Entre as igrejas que se formaram do ramo Pentecostal, a que mais se afirma hoje é a “Igreja Universal do Reino de Deus”, fundada por Edir Macedo Bezerra, no Brasil, em 1977. Edir Macedo queria ser professor, mas abandonou os estudos universitários. Atormentado por problemas de depressão, procurou conforto na “Igreja Católica” e, em seguida no “Espiritismo” e nos “Terreiros de Umbanda”. Não encontrando alívio nem resposta aos seus problemas, aderiu à “Igreja Pentecostal Nova Vida” e ali ficou até 1974, quando, com um grupo de companheiros, fundou a “Igreja Cruzada do Caminho Eterno”. Em 1977, após um desentendimento com alguns de seus companheiros, fundou com Romildo Soares e Roberto Augusto Alves, a Igreja Universal do Reino de Deus, no Rio de Janeiro. Atribuiu a si o título de bispo e pediu a Roberto Augusto que o consagrasse. Em seguida, tanto Roberto Augusto como Romildo Soares separaram-se e Edir Macedo, único dos fundadores, ficou na liderança da Igreja recém fundada.

3.1.1.1 O culto da IURD
Entre as pessoas que aparecem no culto da Igreja Universal, a maioria vive problemas de vários tipos. O culto visa principalmente a oferecer a essas pessoas alguma solução para esses problemas que as atormentam.
- Desemprego e questões financeiras;
- Vida familiar e amorosa;
- Saúde;
- Vida espiritual elevada.
A Igreja Universal oferece, para isso, rituais diferenciados para as situações que afligem a maior parte das pessoas:
Os rituais dos cultos levam os fiéis a orar por uma ou outra dessas intenções, conforme os dias da semana.

1) Domingo: Culto de Celebração ao Espírito Santo;
2) Segunda: Reunião dos Empresários;
3) Terça: Sessão Espiritual do Descarrego;
4) Quarta: Reunião dos Filhos de Deus;
5) Quinta: Culto da Família;
6) Fonte de Libertação;
7) Reunião da Prosperidade.

Uma das idéias-mestras da Igreja Universal é que o diabo é, praticamente, a causa única e última de todos os males que nos afligem, o bode expiatório por tudo que de mal existe no mundo.
Somente através de uma vida de obediência a Palavra de Deus, principalmente quando se é um dizimista fiel, Deus o livra da ação de Satanás. Usam Malaquias 3:8-12 sem entendimento, afirmando que existe um demônio que Deus só repreende se houver fidelidade com o dízimo. Como se Deus estivesse limitado a alguma coisa.
Para ter sucesso no exorcismo, não é suficiente o trabalho do pastor: é necessária a colaboração do fiel, colaboração que é dada através do pagamento do dízimo, considerado uma obrigação, pois, fazendo isso, devolve-se a Deus o que é de Deus. A oferta, dada além do dízimo, não é obrigatória, mas é uma condição para receber em dobro ou sete vezes mais.
Os pastores são ensinados por Edir Macedo a pedir, e até a forçar o povo a dar dinheiro.
Ele tem o dinheiro em grande estima: "O dinheiro é uma ferramenta sagrada que Deus usa na sua obra", disse uma vez numa entrevista ao Jornal.
A adoração e o louvor a Deus não são prioridades na igreja de Edir Macedo. A ênfase está sobre a Teologia da Prosperidade em que eles afirmam que os fiéis irão comer o melhor desta terra. Um texto do Antigo Testamento, mal interpretado pelos pastores de Edir Macedo para dar fundamento a sua Teologia. O texto, na verdade, trata de promessas dirigidas aos judeus e não ao Israel espiritual (a igreja de Cristo). Edir Macedo não entende que as bênçãos da igreja transcendem, são superiores a da Antiga Aliança. Veja o que Paulo disse aos efésios: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef.1:3 - NVI). O versículo não deixa dúvidas, “com todas as bênçãos espirituais”, não são algumas, porém, todas. Diante dessa promessa, de que deveremos ter falta? Será que os irmãos devem continuar pedindo o que já foi dado? Ou será que as bênçãos foram colocadas a nossa disposição e precisamos conquistá-las? Não! O texto é claro, e diz que: “[...] o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais”. Ele já nos abençoou (gr. Εύλογήσαζ), o verbo está no passado, é algo que aconteceu. Portanto, a “Teologia da Prosperidade” é antibliblica. Uma prosperidade que exclui a maioria gera idolatria. Por que a maioria continua na miséria? Todos os dias estão ali, em busca das pseudo promessas, procurando mudar a sua vida financeira e essa transformação não acontece de fato? Eles não entendem que a Graça de Deus nos basta e que não devemos acumular tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam (cf. Mt.6:19-20). “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Como que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt.6:31-33).
A Igreja Universal volta-se contra todas as igrejas tradicionais, inclusive as Pentecostais numa reação característica de seita herética.
Uma estatística de 1996 atribuía à Igreja Universal 3,5 milhões de fiéis, 7 mil pastores, milhares de assistentes voluntários, ou obreiros, 2 mil templos no Brasil e 225 no exterior, em 34 países, 2 canais de televisão, a TV Record e a TV Rio, emissoras de rádio, jornais, uma agência de turismo e um Banco, o Banco de Crédito Metropolitano. Não é pouco para uma Igreja que começou em 1977 com algumas dezenas de fiéis.
3.1.1.2 O mal visto por Edir Macedo
Numa entrevista concedida à revista Veja de 6 de dezembro de 1995, Edir Macedo comentou também sobre as características do demônio, conforme é visto e ensinado pelos adeptos da Universal. Eis, a seguir, alguns trechos da entrevista que se encontra a disposição na Internet:
Existe um espírito que só atua na destruição do lar. Você pode verificar isso a partir das etapas que o casal enfrenta na vida. Esse espírito normalmente vem dos pais. Se eles são divorciados, o mesmo espírito que destruiu o lar dos pais vai destruir o lar dos filhos, dos netos, dos bisnetos. Isso é uma herança maldita. Ele passa de pai para filho por todas as gerações, até que a pessoa tenha um encontro com Jesus. Aí, corta-se toda a maldição.
Existe o espírito da prostituição (prostitutas, homossexuais) e de enfermidades. Este faz a pessoa se manter doente por toda a vida. Por exemplo, a epilepsia é causada por um espírito. Há muitas pessoas que foram curadas da epilepsia sem medicação, apenas por "influência da 'libertação'.
Essa força maligna, que toma a mente e faz a pessoa ficar louca, perturbada e toma o coração, essa força causa raiva, ódio, doenças. Há pessoas que têm feridas nas pernas que não cicatrizam nunca. Por quê? Aquilo é um espírito que está alojado ali. Aquilo é um espírito. Aqueles que têm dor de cabeça constante, daquelas que não há médico que descubra a causa...pois bem, isso é o espírito. A pessoa que tem uma dor de estômago, mas o médico não descobre a causa, isso é um espírito. Todas as pessoas que sentem dores, vão ao médico e ele não consegue diagnosticar nada, estão tomadas pelo demônio. Essas são doenças espirituais. E quando o problema é espiritual, não há medico que consiga resolver.
3.1.2 A Igreja Renascer em Cristo
Fundada em 1986 pelo casal Estevão e Sonia Hernandes. Essa igreja é procurada especialmente por jovens, devido a seu trabalho de recuperação de dependência de drogas. O grande uso da música é uma das marcas características da Igreja Renascer. “A doutrina da Prosperidade” é também um dos pilares da sua Teologia.
Em 1999, a Igreja Renascer em Cristo possuía aproximadamente 200 templos no Brasil e quatro no exterior. Em 2005 o número de templos multiplicou e em 2006 apesar dos seus fundadores terem passado por um grande escândalo relacionado a sonegação de impostos e de terem mentido para autoridades alfandegária no Aeroporto dos EUA. Os adeptos afirmam que esses escândalos são obras de Satanás para impedir o crescimento do Reino de Deus. Mesmo com todos os escândalos a Igreja continua na mídia.

Cultos: Os cultos são todos os dias. O dinheiro arrecadado de todas as Igrejas são depositados em uma conta particular do Bispo Estevão Henandes e da Bispa Sônia.
Os pastores são pressionados a alcançarem uma cota mensal nos dízimos. Os que não conseguem são considerados fracos e sem unção. Os salários são enviados para os pastores depois que eles fazem o depósito da arrecadação mensal. Esse salário varia muito, alguns recebem uma miséria, outros ganham muito bem, depende do tempo e da posição que os mesmos assumem na Igreja. O pastor vale pelo dízimo que arrecada. Se a Igreja não cresce para poder dá um bom lucro, o pastor é descartado: coloca-se outro em seu lugar. A santificação, ninguém sabe o que é isso. O interesse pessoal é que predomina. A maioria estão a procura de tirar proveito de alguma coisa. E não é só nessa Igreja, mas até mesmo nas Igrejas Reformadas o amor é algo raro. Quando o Filho do Homem voltar será que encontrará fé na terra?

3.1.3 A Igreja Sara Nossa Terra
A Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra é uma Igreja Evangélica Neopentecostal. Foi criada em fevereiro de 1992, em Brasília, Brasil, pelos bispos Robson e Maria Lúcia Rodovalho que acreditam que a Terra está ferida pelas desigualdades sociais, miséria, fome, corrupção, bruxaria e todas as formas de exploração do mal. Sua visão é de sarar o país, a sociedade, a cultura e as famílias. O casal pertencia a Igreja Renascer.
O Ministério possui hoje, cerca de 550 igrejas espalhadas pelo Brasil e exterior e estão sob a coordenação da Federação Nacional Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra. Esta Comunidade é dirigida por um Conselho de Bispos e um Conselho Diretor, responsáveis pelas Igrejas em todo o Brasil e Exterior. Por meio da “Fundação Sara Nossa Terra” e “Associação Ministério Comunidade Evangélica” (AME), a Igreja desenvolve trabalhos de cunho sócio-cultural e promove assistência a famílias carentes.
Atualmente, o Ministério Sara Nossa Terra conta com um canal de televisão, “TV Gênesis” e uma “Rádio, Sara Brasil FM”, com programação diária, voltada para a família. A Rádio Sara Brasil FM e a TV Gênesis estão presentes em diversas cidades brasileiras, tanto em TVs por assinatura, como UHF. O “Jornal Sara Nossa Terra” e a “Revista Sara Brasil”, também são instrumentos de comunicação da denominação.
A Sara Nossa Terra conquistou espaço na mídia por ser freqüentada por vários jogadores de futebol e algumas sub-celebridades, que se converteram e "mudaram suas vidas".
Visão Apostólica
Sarar a nossa Terra através de igrejas locais aliançadas e governadas pelo ministério apostólico, em todo mundo. Que sejam instrumentos para trazer o Reino de Deus, através do avivamento produzido pelo compromisso de oração, devoção e santidade, e através de profundas mudanças sociais em nossa cultura. Tanto por meio de escolas, faculdades e obras sociais que expressam o amor de Deus, como pela mídia (rádios, jornais e TV), bem como através de todos os espaços possíveis que possam ser preenchidos pelo povo de Deus.
É louvável querer ver o povo de Deus unido e assumindo o controle. Todavia, olhando do ponto de vista em que os verdadeiros crentes estão, na mão do Pai (cf. Jo.10:28), isso não significa nada diante do que Cristo tem preparado para aqueles que O amam. O Reino de Deus não é comida nem bebida, nem significa manter o controlhe das coisas desse mundo. É algo muito maior doque tudo isso: “Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor” (Hb.12:28 – negreto nosso). Recebemos um Reino inabalável, eterno e não precisamos nem devemos investir em outro reino aqui nesse mundo, devemos sim, buscar o que é eterno.

Visão para Igrejas Locais
Fazer de cada não cristão um cristão, de cada cristão um discípulo, de cada discípulo um líder, edificando assim uma Igreja que manifesta a presença de Deus através de prodígios e manifestações sobrenaturais.
Declaração de Fé
1. Cremos que a Bíblia é a palavra de Deus, inspirada e infalível(II Pe.1:21)
2. Que Deus se revelou como Pai, Filho e Espirito Santo (II Co 13:14).
3. Na divindade de Jesus, em seu nascimento virginal, em sua morte expiatória, em sua ressurreição corporal e em sua ascensão à destra do Pai (1ts.4:14)
4. Que o homem foi criado bom e justo, mas perdeu essa natureza por cair voluntariamente no pecado (Gn.1:26-31)
5. Que a única esperança para a salvação do homem é através do sangue redentor de Cristo (Hb.9:27)
6. Que todos que se arrependerem de seus pecados e crerem em Jesus como seu Salvador e Senhor, serão salvos pela graça por meio da fé. (Ef.2:6-7)
7. Que a santificação e a vida vitoriosa são requisitos para a esposa de Cristo (Ef.5:25-2







































CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A Bíblia ensina que os dons, sinais e milagres, servem para um propósito determinado; uma vez que ele foi cumprido, os dons cessaram (cessaram alguns, no sentido de perder a funcionalidade, ou seja, de já ter cumprido seu papel na Igreja Primitiva). As línguas modernas, as profecias e curas pela fé não se parecem em nada com o que aconteceu nos dias de Cristo e dos apóstolos. O testemunho objetivo da História é de que esses dons cessaram após o encerramento do cânon do Novo Testamento. Cristo e os apóstolos operaram seus milagres em público, até mesmo diante de seus inimigos. Desafiamos nossos irmãos carismáticos a fazerem o mesmo e provarem ao mundo e aos crentes não-carismáticos que esses dons são verdadeiros. Até que venham a existir evidências bíblicas e comprobatórias que sustentem as reivindicações carismáticas. Nós devemos considerar as práticas carismáticas como enganosas e fraudulentas (2 Co 13:1). Ainda que creiamos que os "curadores da fé" de nossos dias vivem enganados e (deliberadamente ou não) cometendo fraudes. Também cremos que Deus cura o seu povo, atendendo suas orações. Se você está freqüentando uma igreja carismática, sinta-se exortado a deixá-la e a freqüentar uma igreja que seja centrada na verdade revelada nas Escrituras. Deus não se impressiona com os grandes números, entretenimento tolo e com os falsos milagres dos pregadores carismáticos. Ele quer sim, que você freqüente uma igreja que ensine a verdade e O adore da maneira que Ele determinou na Sua Palavra.






BÍBLIOGRAFIA
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WALKER, John. A Igreja do Século XX: A história que não foi contada. Belo Horizonte, MG. Editora Atos, 2002. 300p.
Do mesmo autor.









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